
O desejo de lutar por uma educação digna levou oito estudantes angolanos a enfrentarem não apenas a repressão policial, mas também a Justiça. Eles começaram esta semana a ser julgados sumariamente, após serem detidos durante uma manifestação pacífica em Luanda.
Os jovens, membros do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA), foram detidos no sábado, 26, quando tentavam dar início a uma marcha para reivindicar a colocação de carteiras e a contratação de mais professores nas escolas públicas. A manifestação foi impedida pela Polícia Nacional, que justificou a intervenção com a alegada falta de autorização administrativa para o protesto.
Segundo a acusação formal, os estudantes teriam desobedecido à ordem das autoridades ao insistirem em prosseguir com a mobilização. Ainda antes do início da marcha, cerca de 150 estudantes, incluindo dirigentes do MEA, foram detidos, embora a maioria tenha sido libertada horas depois em diferentes pontos afastados do centro da cidade.
O julgamento decorre no Tribunal de Comarca de Luanda, conhecido como Tribunal Dona Ana Joaquina, sob um forte dispositivo de segurança, com o acesso ao público consideravelmente restringido. Para o MEA, o protesto tinha objetivos claros e legítimos: chamar a atenção para o grave déficit de infraestruturas e de professores que afeta milhares de estudantes em Luanda.
Até ao momento, o desfecho do processo é aguardado com expectativa por organizações cívicas e pela sociedade em geral, que acompanham com atenção o que consideram ser um teste à liberdade de manifestação e aos direitos fundamentais em Angola.