
Em uma decisão que reflete tensões geopolíticas e humanitárias, o Governo espanhol anunciou sua intenção de promover uma “desconexão total” da tecnologia militar israelense. A medida ocorre após o Ministério da Defesa revogar a licença concedida para a produção de 168 mísseis antitanque, originalmente planejada para equipar as forças armadas espanholas.
A ministra porta-voz Pilar Alegria afirmou em conferência de imprensa que o Executivo está reavaliando o programa de modernização dos mísseis, suspendendo a parceria com a empresa israelense Rafael Advanced Defence System, cuja filial espanhola, Pap-Tecnos, havia recebido a autorização para fabricar o armamento no país, num contrato avaliado em cerca de 285 milhões de euros.
A secretária de Estado da Defesa, Amparo Valcarce, destacou que o objetivo é eliminar a dependência tecnológica de Israel, especialmente no contexto da recente escalada do conflito na Faixa de Gaza. O anúncio da revogação da licença foi feito poucas semanas após Israel iniciar operações militares para enfrentar o Hamas, o grupo islamita palestiniano, em resposta a um ataque devastador ocorrido em outubro de 2023.
Desde então, a Faixa de Gaza tem enfrentado uma grave crise humanitária, com milhares de mortos e feridos, além de uma escassez crítica de alimentos, água, remédios e combustível, situação que a ONU classificou como catastrófica. A comunidade internacional, incluindo órgãos das Nações Unidas, denunciou as condições no território como um possível genocídio, acusações que o Governo israelense rejeita.
Enquanto o Exército israelense retomou ofensivas e avançou sobre a região, o Governo espanhol busca diversificar sua cooperação militar para países aliados, abandonando gradualmente a tecnologia israelense em busca de alternativas consideradas mais modernas e alinhadas com suas prioridades estratégicas e éticas.