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Empresários portugueses que desejam contratar angolanos estão enfrentando sérios obstáculos relacionados à obtenção de vistos, o que tem causado prejuízos significativos. Em entrevista à Lusa, Pedro Basílio, que vive em Angola há mais de dez anos e possui empresas em ambos os países, relatou a dificuldade enfrentada desde que iniciou o processo há mais de cinco meses.
Com a redução do volume de trabalho em Angola e o aumento em Portugal, Basílio desafiou quatro de seus funcionários angolanos a se mudarem para Portugal. No entanto, até agora, ele só tem perdido tempo e dinheiro, especialmente devido à burocracia dos vistos, apesar de ter obtido os passaportes e outros documentos rapidamente.
“O que não conseguimos foi que o agendamento saísse”, lamentou, criticando a falta de soluções por parte das autoridades portuguesas. Ele explicou que a plataforma VFS, que deve ser utilizada para agendamentos, frequentemente não tem disponibilidade de datas ou apresenta falhas durante o processo.
Após várias tentativas, Basílio conseguiu um agendamento no final do ano passado, mas foi impedido pela expiração de documentos que precisavam ser validados. Ele destacou que cada visita ao consulado resultava em mais exigências documentais, levando à frustração e ao atraso no processo.
Neste momento, ele continua a pagar o aluguel de uma casa destinada aos colaboradores que ainda estão em Angola, bem como os salários deles, o que se torna cada vez mais insustentável. “Eu aqui não tenho trabalho para eles. Eu estimo-os e não os vou largar”, afirmou, ressaltando a urgência de uma solução.
Outro empresário, Pedro Vaz, que também divide seu tempo entre os dois países, compartilhou experiências semelhantes. Ele deseja contratar um jovem angolano e está preocupado com a demora e a falta de respostas do consulado português.
As dificuldades enfrentadas por empresários e trabalhadores na obtenção de vistos têm sido amplamente denunciadas. Muitos recorrem a intermediários, conhecidos como “agendadores”, que cobram altas taxas para garantir um agendamento. Vaz criticou o uso da plataforma VFS, mencionando que a falta de acessibilidade prejudica quem possui uma ligação legítima ao sistema.
Ambos os empresários apelam para que o consulado e a Embaixada portuguesa em Angola considerem alternativas e adotem medidas para resolver esse problema persistente. Eles destacam que a atual situação não apenas prejudica as oportunidades de emprego, mas também limita a troca cultural e o desenvolvimento entre os países da CPLP.
Vaz concluiu ressaltando que a situação representa um prejuízo não apenas para os empresários, mas também para Portugal e os jovens angolanos, que perdem oportunidades de formação e desenvolvimento profissional. “É um sentimento quase de bloqueio, que não faz sentido”, afirmou, pedindo soluções em vez de barreiras.