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O Tribunal Penal Federal da Suíça, localizado em Bellinzona, condenou a Trafigura, uma empresa suíça de comércio de matérias-primas, e o ex-presidente da comissão executiva da Sonangol Distribuidora, Paulo Gouveia Júnior, por envolvimento em um esquema de corrupção que incluía subornos a funcionários públicos em Angola. Esta é a primeira vez que um tribunal suíço julga a responsabilidade penal de uma empresa por suborno de servidores estrangeiros.
Na sentença divulgada na última sexta-feira, foi comprovada a prática de subornos que resultou em ganhos ilegais de mais de 145 milhões de dólares para a Trafigura. A empresa deverá devolver esses lucros à Confederação Suíça, além de enfrentar uma multa superior a três milhões de dólares.
Paulo Gouveia Júnior foi condenado a 36 meses de prisão, dos quais 14 meses serão cumpridos efetivamente e os restantes 22 meses suspensos por dois anos. Ele foi acusado de ter recebido cerca de cinco milhões de dólares em subornos em troca da aprovação de contratos vantajosos para a Trafigura, que resultaram em lucros significativos para a empresa.
Outros envolvidos no esquema incluem o ex-diretor de operações da Trafigura, Mike Wainwright, e o intermediário Thierry Guillaume Plojoux, que também foram condenados por corrupção ativa. Wainwright receberá 32 meses de prisão, dos quais 12 meses serão cumpridos, enquanto Plojoux teve sua pena suspensa.
O caso destaca a complexidade e a gravidade da corrupção internacional, especialmente em setores estratégicos como o petróleo, e reafirma a necessidade de mecanismos eficazes de controle e responsabilização para prevenir tais práticas. As condenações representam um passo importante na luta contra a corrupção, tanto em Angola quanto em nível global.