
O empresário desportivo Edson Queiroz, fundador da empresa Footprestige, afirma que o futebol é uma poderosa ferramenta de transformação social em Angola. Em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS, destacou o papel da sua agência na internacionalização de talentos nacionais e o impacto positivo que isso tem na vida de famílias angolanas.
“Cada jogador que tiramos do país é menos uma família na pobreza”, disse, apontando que a Footprestige já agenciou mais de 40 jogadores, incluindo nomes de destaque como Zito Luvumbo (Cagliari, Itália), Maestro (Adana Demirspor, Turquia), Kialonda Gaspar (Lecce, Itália) e Keliano (Estrela da Amadora, Portugal).
Talento nos bairros e escassez de investimento no Girabola
Edson Queiroz sublinha que o país possui um potencial inexplorado. “Acredito que mais de 90% dos bons jogadores ainda estão escondidos nos bairros, seja por falta de oportunidades, estruturas ou acompanhamento técnico.”
Sobre o estado do futebol nacional, afirma que o Girabola tem perdido qualidade. “Há falta de investimento e os melhores jogadores saem cedo demais para a Europa, o que enfraquece a competição local”, lamenta.
Exportar talento: do bairro à Europa
A Footprestige, criada há seis anos, conta com uma equipa de recrutadores em Angola que acompanha torneios de formação e jogos do Girabola. “O nosso trabalho começa no terreno. Identificamos talentos, formalizamos contratos e passamos a gerir a carreira e o quotidiano dos atletas. Depois, promovemos a imagem deles junto aos clubes parceiros na Europa.”
Segundo o agente, a empresa também tem realizado transferências para campeonatos africanos. “Fomos responsáveis pelas idas do Mabululu e do Dasfaa para o Egipto, bem como do Julinho e do Ary Papel para o campeonato líbio.”
Resistência inicial e conquista de confiança
A convencer clubes europeus sobre o talento angolano, Edson admite que o início foi difícil. “Tive de implorar, parecia que estavam a fazer um favor. Hoje, já conhecem o nosso trabalho. Temos cinco ou seis clubes parceiros na Europa com quem trabalhamos de olhos fechados.”
De acordo com os regulamentos da FIFA, a Footprestige recebe 10% do valor da venda de cada jogador. Apesar disso, o agente garante que o maior retorno vem da realização pessoal e do impacto social: “O futebol mudou vidas, e isso é o que realmente importa.