
Em uma entrevista exclusiva ao Jornal OPAÍS, o advogado David Mendes, responsável pela defesa de seis dos sete arguidos acusados de tentativa de terrorismo, abordou a controvérsia em torno do julgamento que ocorreu no Huambo. Mendes se manifestou contra aqueles que desqualificaram o processo, chamando-os de “palhaços” e defendendo a seriedade do julgamento.
Mendes, que possui uma vasta experiência em casos complexos, afirmou que o julgamento não representa um desafio maior em sua carreira. Ele destacou que já defendeu casos de alta relevância, como espionagem e crimes políticos, e que este é apenas mais um processo em sua trajetória. “Para mim, é só mais um caso”, afirmou.
O advogado expressou insatisfação com a decisão do Tribunal de Comarca do Huambo, que não aceitou a delação premiada, um ponto que, segundo ele, será contestado em instâncias superiores. Mendes criticou a disparidade nas penas atribuídas e reafirmou a confiança de que os tribunais superiores poderão rever a decisão.
Respondendo às críticas sobre sua atuação, Mendes declarou que todos estão inseridos em um sistema e que não se pode dissociar o papel do advogado do contexto em que atua. “Quem não é parte do sistema? Ninguém vive na lua”, ponderou.
O advogado também abordou a inveja que acredita existir em relação ao seu status e ao volume de casos que defende. Mendes ressaltou que seu nome é uma “marca” e que isso provoca desconforto em alguns. Ele declarou que não se preocupa com críticas infundadas e que as Mãos Livres, associação que fundou, é responsável por arcar com os custos associados a sua defesa.
Por fim, Mendes defendeu a integridade de seu trabalho e reiterou que sua atuação é pautada pela ética e pelo compromisso com a justiça. Ele concluiu enfatizando que o processo no Huambo é um reflexo das complexidades do sistema judicial, que merece ser tratado com seriedade e respeito.