
Estudar em uma universidade privada em Angola tornou-se um investimento significativo, com gastos anuais que ultrapassam 1,3 milhões Kz em média. Este aumento de 49% desde 2020, conforme apurado pelo Expansão, reflete não apenas as propinas, mas também despesas adicionais como matrícula, alimentação e transporte, que juntos compõem apenas metade dos custos totais.
As propinas, por si só, representam uma carga financeira considerável, com valores médios superiores a 500 mil Kz por ano. A análise foi baseada em dez instituições de ensino superior, incluindo a Universidade Gregório Semedo (UGS) e a Universidade Privada de Angola (UPRA), revelando uma ampla variação de preços, dependendo do curso escolhido. Cursos como Medicina e Engenharia têm custos significativamente mais altos, enquanto áreas como Ciências Sociais e Gestão se mostram mais acessíveis.
A UPRA destaca-se como a universidade mais cara, com um custo anual que ultrapassa 2 milhões Kz, enquanto o Instituto Superior Técnico de Angola (ISTA) oferece uma opção mais econômica, com propinas anuais em torno de 331 mil Kz.
Além das propinas, os estudantes enfrentam custos adicionais com transporte e alimentação. Luciana Gusmão, estudante de Medicina na UPRA, relata que gasta cerca de 1.500 Kz diários apenas com alimentação e 1.000 Kz em transporte, totalizando mais de 190 mil Kz anuais só com deslocamentos.
A crescente inflação e a desvalorização da moeda agravam ainda mais essa situação, com a recente implementação do decreto Executivo n.º 187/23, que permite o aumento das propinas em função da inflação, dificultando o acesso ao ensino superior para muitos jovens. A ex-ministra Paula Oliveira destacou que a limitação de vagas nas instituições públicas, que atendem apenas 40% da demanda, intensifica o problema.
Com esses desafios financeiros, muitos estudantes se veem obrigados a repensar suas opções educacionais, enquanto o sonho da formação superior se torna cada vez mais distante para uma parcela significativa da população.