O custo de vida em Angola atingiu um novo patamar em 2024, com a taxa de inflação homóloga alcançando 27,5% em dezembro, um aumento significativo em relação aos 20,0% registrados em 2023. Este acréscimo de 7,5 pontos percentuais marca a taxa mais alta dos últimos oito anos, superando apenas o alarmante índice de 41,1% registrado em 2016.
As raízes da inflação em Angola permanecem constantes, sendo atribuídas a uma demanda que supera a oferta, à baixa produção nacional e à dependência de produtos importados. Além disso, a desvalorização do kwanza em relação ao dólar e ao euro tem exacerbado a situação. Em 2023, a redução dos subsídios aos combustíveis intensificou ainda mais esses problemas, refletindo-se nos custos de produção das empresas, que foram repassados ao consumidor, afetando setores como o da pesca.
Embora o aumento dos salários da função pública e a elevação do salário mínimo estejam previstos para este ano, a recuperação do poder de compra dos angolanos parece distante. A situação pode se agravar com possíveis mudanças nos subsídios aos combustíveis e em outras áreas, conforme indicado no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2025.
O governo, em sua previsão inicial para 2024, estimou uma taxa de inflação de 15,3%, mas revisou essa expectativa em alta para 23,4%. O Banco Nacional de Angola (BNA), que inicialmente prever uma inflação de 19,0%, também foi forçado a ajustar suas previsões em duas ocasiões, culminando em uma taxa de 27,0% na última reunião do seu Comitê de Política Monetária, em novembro. Apesar de estar próxima da meta do banco central, a inflação mais uma vez ultrapassa as expectativas tanto do BNA quanto do governo, levantando preocupações sobre a estabilidade econômica do país.