
A estagnação do mercado da construção civil em Angola está provocando sérias repercussões no setor das rochas ornamentais, que luta para se firmar no cenário internacional. Com altos custos de exploração e dificuldades de competitividade frente a países como Itália, Espanha, Polônia e China, o futuro desse segmento se torna incerto.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que, nos primeiros nove meses do último ano, Angola exportou apenas 31,2 milhões de dólares em granito, correspondendo a 70% do total exportado em 2023. Apesar de ser um número expressivo, representa uma queda significativa em comparação com anos anteriores, como 2022, que foi considerado um ano robusto para as exportações deste tipo de material.
As importações de rochas ornamentais são quase nulas, totalizando apenas 167 mil dólares no mesmo período, um número que contrasta com os 670 mil dólares registrados em 2023. Essa situação reflete a contínua queda no setor da construção civil, que já enfrenta desafios há vários anos devido a fatores econômicos e à diminuição do poder de compra da população angolana.
O presidente da Associação dos Produtores, Transformadores, Comercializadores e Exportadores de Rochas Ornamentais do Sul de Angola (APEPA), Marcelo Siku, comentou que, com o colapso do mercado interno, os produtores estão cada vez mais buscando exportações como uma alternativa para a sobrevivência. “O mercado interno desmoronou, mas o internacional permanece forte, embora seja altamente competitivo”, afirmou Siku.
No que diz respeito à produção, os dados disponíveis são limitados, pois os operadores ainda não se reuniram para avaliar as atividades de 2024. No entanto, Siku mencionou que o granito negro e o quartzito tropical continuam a ser os materiais mais produzidos e exportados, com preços variando entre 150 e 350 dólares por tonelada.
Além dos desafios financeiros, como a falta de crédito bancário e a percepção de abandono por parte do governo, as empresas do setor enfrentam uma burocracia que dificulta seu crescimento. O Plano Nacional de Desenvolvimento 2023-2027 promete apoiar o subsector com incentivos financeiros, mas muitos operadores ainda aguardam ações concretas.
As províncias da Huíla e do Namibe são as principais produtoras de rochas ornamentais, representando 96% e 1,69% da produção, respectivamente. Com a atual crise, o futuro do setor das rochas ornamentais em Angola permanece em uma linha tênue, aguardando medidas efetivas para revitalizar a indústria.