
O que começou como uma simples acumulação de água após uma forte chuva transformou-se, ao longo dos últimos quatro anos, numa ameaça real à vida de quem vive no bairro Bita Imbondeiro, em Luanda. A lagoa que ali se formou já provocou cinco mortes confirmadas, incluindo quatro crianças, e os moradores clamam, sem sucesso, por uma solução por parte das autoridades.
Njinga Miguel, morador da zona há cinco anos, lembra que, inicialmente, não havia qualquer corpo de água na área. “Era uma das ruas principais do bairro, movimentada, com casas e obras em curso. Depois de uma chuva intensa, a água ficou ali estagnada e nunca mais foi embora”, relatou.
A lagoa acabou por se tornar parte da paisagem do bairro — e também do quotidiano dos residentes. Crianças frequentam o local para nadar, jovens arriscam-se a pescar, e muitas donas de casa utilizam a água para tarefas domésticas. No entanto, essa convivência informal com o local tem custado vidas.
Segundo Njinga, a lagoa já vitimou cinco pessoas, com idades entre os sete e os 28 anos. “Os primeiros a morrer foram crianças pequenas que não sabiam nadar. Depois, um jovem também perdeu a vida quando tentava ajudar um dos miúdos”, lamenta.
A comunidade, revoltada e em luto constante, tem apelado insistentemente à intervenção das entidades competentes para que seja erguida uma vedação ou implementada qualquer medida de segurança no local. Contudo, até agora, não houve resposta oficial.
Os moradores alertam que, com a chegada do período chuvoso, a situação pode piorar. “A cada nova chuva, a lagoa aumenta e o risco também”, afirma Njinga, pedindo que o Governo ou as autoridades municipais tomem medidas antes que mais tragédias ocorram.