
O drama de uma mãe na província do Moxico reacende o debate sobre a segurança das transfusões de sangue em unidades hospitalares públicas. Uma criança de apenas cinco anos de idade testou positivo para HIV meses depois de ter sido submetida a transfusões de sangue no Hospital Geral do Luena, levantando suspeitas de possível negligência médica.
De acordo com Laurinda Sonha Pio, mãe do menor, o seu filho não apresentava qualquer diagnóstico prévio da doença antes de ser internado na referida unidade hospitalar. O primeiro internamento ocorreu em maio de 2023, quando a criança, então com problemas de saúde, foi sujeita a uma transfusão de sangue comprada diretamente de uma enfermeira, segundo a versão da família.
Após a alta médica e um breve regresso a casa, a criança voltou a ser internada no início de junho do mesmo ano. Na nova internação, recebeu uma segunda transfusão, também adquirida fora dos canais oficiais, o que, segundo a mãe, aumentou a sua preocupação. Durante a madrugada de 12 de junho, ainda internado, a criança recebeu uma bolsa de sangue incompleta, conforme relatado por Laurinda, o que levou a mais questionamentos sobre os procedimentos adotados.
Foi apenas em março de 2024, durante mais uma visita ao hospital, que a família recebeu o diagnóstico chocante: além de malária cerebral, o menor também havia testado positivo para HIV. Surpreendida com a notícia, Laurinda afirmou que todos os familiares próximos — incluindo ela própria — foram submetidos a testes, e nenhum deles é portador do vírus, o que reforça as suspeitas de contaminação no ambiente hospitalar.
Confrontado com a situação, o director do hospital terá convocado uma reunião com a família, durante a qual, segundo relato da mãe, sugeriu que a infecção pudesse ter acontecido fora do hospital, mencionando até a possibilidade de uso de agulhas contaminadas por terceiros — hipótese que os familiares consideram improvável, dado o histórico da criança.
O caso levanta questões sérias sobre a segurança das práticas médicas e o controlo do sangue usado em transfusões em hospitais públicos, especialmente nas províncias. Até o momento, não há confirmação oficial de abertura de um inquérito por parte das autoridades de saúde.