
O Corredor do Lobito, uma das mais estratégicas ligações ferroviárias da África Austral, voltou a conquistar confiança internacional. Em Washington, durante as Reuniões de Primavera do Banco Mundial, parceiros como a Corporação Financeira Internacional (IFC) e a Corporação Financeira de Desenvolvimento dos EUA (DFC) reforçaram o compromisso de financiar o setor privado envolvido na expansão e operação da infraestrutura.
Samaila Zubairu, CEO da IFC, garantiu que o apoio ao projeto nunca esteve em causa. “Estamos a tratar de uma infraestrutura essencial, não apenas para Angola, mas para o continente e para o comércio global. Este corredor tem o poder de transformar comunidades e criar soluções sustentáveis de combate à pobreza”, afirmou durante uma mesa-redonda dedicada às oportunidades na região.
A IFC, que já disponibiliza cerca de 400 milhões de dólares, faz parte de um pacote mais amplo que pode atingir 4 mil milhões, segundo fontes do governo angolano. O foco do investimento está na modernização e expansão da rede ferroviária, conectando Angola à Zâmbia e, futuramente, a outras rotas regionais.
Governo aposta em equilíbrio financeiro e reformas estruturais
A ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, também presente no encontro, destacou o empenho de Angola em atrair investimentos de forma responsável. “O nosso compromisso é manter a estabilidade fiscal e controlar o endividamento, sem deixar de apostar em grandes projetos que tragam resultados reais para o país”, declarou.
Vera Daves reforçou que Angola está a implementar reformas profundas, especialmente no combate à corrupção, para criar um ambiente favorável ao investimento estrangeiro e consolidar uma nova fase de desenvolvimento.
Corredor como motor económico e social
Já o ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu, sublinhou que o Corredor do Lobito vai muito além do transporte de carga. “Este é um corredor de desenvolvimento económico. Os investimentos estão a ser canalizados para empresas privadas, que terão papel central na dinamização das comunidades locais”, explicou.
Segundo o ministro, até 2027, a meta é multiplicar por seis o número de comboios de carga diários — passando de um para seis — e transportar, ainda em 2025, até 400 mil toneladas de mercadorias.
Além disso, revelou que está previsto o arranque, já em 2026, das obras para os 800 km de linha férrea que ligarão Angola à Zâmbia, uma peça-chave para a integração regional.
“Council Africa” reforça interesse no continente
O evento contou também com a participação do Council Africa, um fórum de investidores com forte atuação nos Estados Unidos e foco específico no desenvolvimento africano. As instituições presentes, como a IFC e a DFC, têm como objetivo garantir que os investimentos em países em desenvolvimento sejam sustentáveis, acessíveis e gerem impacto real.
A IFC, por exemplo, mobilizou cerca de 56 mil milhões de dólares no ano fiscal de 2024 para projetos em mais de 100 países, com destaque para a criação de mercados inclusivos e geração de oportunidades.