
A onda de violência no oeste do Sudão voltou a atingir civis com extrema gravidade. Pelo menos 56 pessoas perderam a vida nos últimos dois dias em ataques atribuídos a forças paramilitares na cidade de Um Kadadah, situada nas proximidades de Darfur, segundo informou neste domingo uma fonte do comité local de resistência.
Os confrontos ocorrem no contexto da disputa pelo controlo de regiões estratégicas entre o exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (RSF), grupo paramilitar envolvido no conflito desde abril de 2023. Na quinta-feira passada, a RSF afirmou ter retomado a cidade de Um Kadadah, localizada a cerca de 180 quilómetros de El-Fasher, capital do estado de Darfur do Norte.
No fim de semana, ativistas da cidade divulgaram uma lista com os nomes das vítimas, entre elas o diretor do hospital local. Além das mortes, o comité denunciou casos de desaparecimentos — pelo menos 14 pessoas estão em paradeiro desconhecido — e acusações de deslocamentos forçados e abusos generalizados por parte das forças paramilitares.
As redes de telecomunicações na região foram totalmente interrompidas, agravando ainda mais a situação da população local e dificultando a comunicação com o exterior.
Em Roma, durante a tradicional oração do Angelus, o Papa Francisco dirigiu um apelo pela paz global, dedicando um pensamento especial ao povo sudanês. O Pontífice recordou que o próximo dia 15 de abril marcará dois anos desde o início da guerra, um conflito que já provocou milhares de mortes e obrigou milhões de pessoas a abandonarem os seus lares.
A guerra no Sudão começou em abril de 2023, após a ruptura entre o chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhan, e seu então vice, Mohamed Hamdane Daglo, que lidera as RSF. Desde então, o país tem sido palco de combates violentos, marcada por crises humanitárias severas e crescente instabilidade.