
Os direitos televisivos são a principal fonte de receita para a maioria dos clubes de futebol no mundo. Na última temporada, as cinco ligas mais importantes da Europa – Premier League (Inglaterra), La Liga (Espanha), Bundesliga (Alemanha), Serie A (Itália) e Ligue 1 (França) – arrecadaram juntas mais de 8 mil milhões de euros com a venda desses direitos.
A Premier League lidera disparadamente, não apenas em valores totais, mas também em equilíbrio na distribuição dos recursos. Na temporada passada, os direitos televisivos da liga inglesa geraram 3.224 milhões de euros, sendo 1.601 milhões de receitas nacionais e 1.623 milhões de direitos internacionais.
Uma das grandes diferenças está na distribuição desses valores: o Sheffield United, último colocado da Premier League na última temporada, recebeu 132 milhões de euros, mais do que o Bayern de Munique (92 milhões) e o Inter de Milão (91 milhões), os clubes que mais faturaram na Bundesliga e Serie A, respectivamente. Apenas PSG, Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid receberam mais que o último colocado da Premier League.
Nem todas as ligas conseguiram manter o crescimento nos direitos televisivos. A Serie A italiana teve uma queda de 3% nos direitos nacionais, passando de 930 para 900 milhões de euros por temporada. A Ligue 1 francesa enfrentou um colapso ainda maior: a receita caiu de 578 para 228 milhões de euros (-60%), com uma cláusula que permite à DAZN rescindir o contrato caso o número de assinantes na França não atinja 1,5 milhão – atualmente, o total é de apenas 100 mil.
A Bundesliga conseguiu um leve aumento de 2% em relação ao contrato anterior, mas com uma peculiaridade: os direitos não abrangem apenas a Alemanha, mas também Áustria, Suíça, Luxemburgo, Liechtenstein e algumas regiões da Bélgica e da Itália.
Com os mercados internos estabilizados, as ligas apostam cada vez mais na venda de direitos internacionais. A Premier League lidera essa tendência, com 50,3% de sua receita vinda do exterior, seguida pela La Liga (47,7%). Em valores absolutos, a diferença ainda é grande: os direitos internacionais da liga inglesa geraram 1.623 milhões de euros, enquanto a espanhola arrecadou 835 milhões.
Os principais mercados-alvo são os Estados Unidos, Ásia (com destaque para China, Índia, Coreia do Sul e Japão), América do Sul e, mais recentemente, a África. La Liga e Premier League já abriram escritórios de representação em diversos países para expandir sua presença global e aumentar a audiência de seus jogos.
Cada liga tem suas próprias regras para distribuir os direitos televisivos. A Premier League se destaca pela equidade: nenhum clube pode receber mais do que 1,5 vezes o valor do menor beneficiado nos direitos nacionais e 1,8 vezes nos direitos internacionais. Isso garante um nível competitivo mais elevado e impulsiona o valor do torneio.
Na Inglaterra, os direitos nacionais são divididos assim:
– 50% distribuídos igualmente entre os 20 clubes;
– 25% com base na classificação final da temporada;
– 25% conforme o número de jogos transmitidos (sem considerar a audiência gerada).
Curiosamente, nem todos os jogos da Premier League são transmitidos no Reino Unido, e há um bloqueio nas transmissões entre 14h15 e 17h15 aos sábados para incentivar a presença do público nos estádios de divisões inferiores.
A venda de direitos televisivos segue sendo uma mina de ouro para as principais ligas do mundo, mas os desafios são crescentes. Enquanto a Premier League continua a dominar e expandir seu alcance internacional, outras ligas enfrentam dificuldades e queda de receitas. O futuro passa pela globalização dos campeonatos, com aposta nos mercados emergentes e na inovação na transmissão de jogos para manter o futebol europeu no topo do entretenimento esportivo.