
A Frente Patriótica Unida (FPU) enfrenta o seu primeiro grande abalo político com a saída inesperada do PRA-JA Servir Angola. A decisão, tomada no Congresso Constitutivo do partido liderado por Abel Chivukuvuku, não passou despercebida — e já motivou uma resposta pública dos seus antigos parceiros.
Em nota conjunta divulgada após uma reunião realizada na quarta-feira, 21, Adalberto Costa Júnior, coordenador geral da FPU e presidente da UNITA, e Filomeno Vieira Lopes, coordenador adjunto e líder do Bloco Democrático, lamentaram profundamente a escolha “unilateral” do PRA-JA, mas deixaram claro que a aliança continua de pé.
“Reafirmamos a nossa total confiança na FPU como plataforma essencial para enfrentar os desafios eleitorais que se avizinham e congregar os angolanos em torno de uma verdadeira alternância democrática”, escreveram os dois dirigentes, numa mensagem onde combinam firmeza política com abertura ao diálogo.
A saída de Chivukuvuku representa um revés simbólico para a coligação opositora, que vinha sendo apresentada como a principal frente unificadora contra o MPLA nas próximas eleições. O líder do PRA-JA justificou a decisão com a necessidade de “testar o peso real” do seu partido junto do eleitorado, mas para os aliados, a separação representa uma oportunidade perdida de reforçar uma frente comum.
Ainda assim, o tom da reação da UNITA e do BD procura evitar o confronto direto. Ambos os dirigentes fizeram questão de felicitar o PRA-JA pelo sucesso do seu Congresso e deixaram a porta entreaberta para um eventual reencontro no futuro. “Tomamos nota com pesar da sua decisão de se afastar da FPU”, registaram, sublinhando que a luta continua “pela construção de um Estado de Direito verdadeiramente democrático”.
O desfecho levanta novas questões sobre o equilíbrio e a coesão da oposição angolana em vésperas de um novo ciclo eleitoral. Se por um lado a FPU demonstra resiliência e vontade de seguir em frente, por outro, a saída de uma das suas figuras fundadoras lança dúvidas sobre a unidade estratégica necessária para enfrentar um regime que permanece profundamente enraizado no poder.
No xadrez político angolano, cada peça que se move redefine o jogo — e, por agora, a Frente Patriótica Unida parece decidida a continuar, mesmo que com menos um aliado no tabuleiro.