
O ex-Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, fez uma declaração impactante nesta segunda-feira, 13 de janeiro, ao afirmar que “há muitas coisas que não estão bem” no país. A declaração foi dada à margem da cerimônia de tomada de posse dos 250 deputados da Assembleia da República, em Maputo. Chissano destacou a necessidade urgente de debates parlamentares voltados para encontrar soluções práticas para os desafios que Moçambique enfrenta, em vez de meras recriminações.
“Penso que há muita coisa a discutir, há muitas coisas que não estão bem no país, todos sabemos disso. Então, é preciso encontrar formas de resolver isso. Todo o debate deve ser à busca de soluções; recriminação ou não, são apenas táticas. O foco deve ser encontrar soluções concretas”, enfatizou o ex-presidente, que governou Moçambique entre 1986 e 2005.
A cerimônia contou com a presença de líderes dos cinco principais partidos políticos moçambicanos, incluindo a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o Partido para o Desenvolvimento Optimista de Moçambique (Podemos) e a Nova Democracia (ND).
Na última reunião, realizada em 9 de janeiro, os líderes partidários se encontraram com o Presidente Filipe Nyusi, onde confirmaram a criação de equipes técnicas para discutir reformas estruturais, incluindo alterações à lei eleitoral e à Constituição da República. As reformas visam abordar as tensões pós-eleitorais e fortalecer a estabilidade política do país.
A declaração de Chissano reflete a crescente preocupação com os desafios enfrentados por Moçambique, especialmente após as disputas pós-eleitorais. O país tem vivido uma combinação de instabilidade política, econômica e social, que exige respostas coordenadas e inovadoras por parte de todos os atores políticos.
Chissano, conhecido por seu papel de mediador em conflitos dentro e fora de Moçambique, reiterou que o foco do parlamento deve ser na construção de consensos e na promoção de reformas estruturais que tragam benefícios tangíveis para a população. Para ele, a recriminação entre partidos deve dar lugar ao diálogo construtivo e à ação coletiva.
Ao longo da história recente de Moçambique, crises pós-eleitorais têm gerado divisões significativas no tecido político e social do país. A expectativa é que a nova legislatura, composta por representantes de diferentes espectros políticos, consiga encontrar caminhos que promovam maior inclusão, transparência e estabilidade.
As palavras de Joaquim Chissano ecoam como um alerta sobre a gravidade da situação em Moçambique e o papel crucial que o parlamento desempenha no enfrentamento desses desafios. A formação de equipes técnicas para discutir reformas estatais representa um passo positivo, mas a execução dessas propostas dependerá da vontade política e da capacidade de diálogo entre as partes envolvidas.