
Na comuna da Cahota, município dos Navegantes (província de Benguela), tem-se verificado o crescimento de uma geração de crianças nascidas de relações entre homens chineses e jovens angolanas, muitas das quais menores de idade. Estima-se que mais de 20 crianças tenham resultado desses envolvimentos, o que levantou sérias preocupações legais e sociais.
As ligações remontam a cerca de cinco anos, quando empresas de pescas chinesas se instalaram na região, atraídas pela abundância de recursos marinhos. Desde então, surgiram múltiplas denúncias sobre exploração laboral, práticas de “escravatura moderna”, e agora, relações com menores, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) vê como passíveis de crime.
Enquanto autoridades investigam o caso sob o prisma legal, especialistas em direitos humanos e sociologia apontam o dedo ao Estado, criticando a falta de fiscalização e proteção das comunidades vulneráveis, sobretudo de meninas em situação de pobreza.
A região da Cahota, conhecida pelas suas potencialidades turísticas e piscatórias, vê-se agora no centro de uma polémica que envolve corrupção, desigualdade de poder, e suspeitas de aliciamento, configurando uma situação que ultrapassa a esfera local e exige uma resposta institucional robusta e coordenada.