O Presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, ordenou o desenvolvimento das forças de defesa territorial do país, que faz fronteira com a Rússia, poucos dias antes da esperada visita do homólogo russo, Vladimir Putin. A informação foi divulgada hoje pelo gabinete de Tokayev.
Em um comunicado, o gabinete do Presidente, que também é o comandante supremo das forças armadas do Cazaquistão, afirmou que Tokayev confiou ao ministro da Defesa a missão de fortalecer a defesa territorial e as forças especiais do país. Essa decisão ocorre em um contexto de crescente preocupação no Cazaquistão desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, que gerou receios sobre a segurança na região, onde estão localizadas bases russas.
O Cazaquistão, que possui uma extensão de aproximadamente 7.500 quilômetros de fronteira com a Rússia, é um aliado próximo de Moscovo e membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO). A declaração de Tokayev foi feita pouco antes da cimeira da CSTO, que ocorrerá em Astana na quarta e quinta-feira, onde Putin está programado para participar.
Atualmente, o parlamento cazaque está discutindo um projeto de lei que permitirá a formação de “formações de autodefesa” compostas por voluntários, que poderão ser integrados ao exército e participar em missões de combate. Esta iniciativa visa “melhorar a capacidade de defesa do país” e é inspirada em modelos já utilizados, como o da Ucrânia.
Na última sexta-feira, Tokayev também ordenou às forças de segurança que protejam as infraestruturas civis e militares, em resposta ao que descreveu como uma “escalada na Ucrânia”, que inclui ataques com mísseis hipersónicos russos e mísseis fornecidos pelos EUA e Reino Unido à Ucrânia.
O Cazaquistão mantém uma posição de equilíbrio em relação à guerra na Ucrânia, apoiando a integridade territorial do país, enquanto fortalece seus laços com o Ocidente, sem condenar abertamente a invasão russa. A CSTO, criada em 1992 após o colapso da União Soviética, inclui também a Armênia, Bielorrússia, Quirguistão, Tajiquistão e Sérvia, e serviu como um contraponto à NATO.
Em 2022, sob a égide da CSTO, a Rússia enviou tropas para restaurar a ordem no Cazaquistão após tumultos relacionados ao aumento dos preços dos combustíveis, que resultaram em mais de 160 mortes.