
Um contrato não cumprido e promessas que não se concretizaram levaram o treinador português Bruno Lage a mover uma ação judicial contra o empresário norte-americano John Textor, exigindo uma indemnização de cerca de 7 milhões de euros. A disputa, agora em tribunal britânico, expõe os bastidores complexos do futebol moderno, onde acordos entre bastidores podem ter tanto peso quanto decisões dentro das quatro linhas.
Segundo revelou o jornal britânico The Telegraph, o atual treinador do Benfica alega que havia um compromisso formal assinado no Brasil, no qual Textor se comprometia a nomeá-lo técnico principal de um dos clubes que controla — Crystal Palace, em Inglaterra, ou o Lyon, em França — no primeiro trimestre de 2024.
O contrato em questão, de acordo com documentos revelados pela imprensa inglesa, previa uma nomeação até 15 de abril de 2024. Lage teria à sua espera um vínculo de dois anos com salário líquido anual de 2,75 milhões de euros, a ser repartido entre ele e a sua equipa técnica. No entanto, nenhuma das vagas foi preenchida pelo técnico português.
Em vez disso, o Crystal Palace seguiu outro rumo ao anunciar Oliver Glasner como treinador em fevereiro, enquanto no Lyon, após a saída de Fabio Grosso, o cargo acabou por ser ocupado por Pierre Sage, inicialmente de forma interina, antes da chegada de Paulo Fonseca.
A defesa de Bruno Lage argumenta que o contrato era “juridicamente vinculativo” e que, ao não o cumprir, Textor entrou em clara violação do acordo, falhando também no pagamento compensatório previsto até 29 de abril do ano passado.
Outro ponto relevante é que o treinador, que esteve sem clube entre outubro de 2023 e setembro de 2024, também cumpriu uma cláusula de exclusividade prevista no documento. Esta estipulava que Lage não poderia aceitar ofertas de outros clubes durante o período de vigência do acordo, sob pena de pagar uma multa de 3,2 milhões de euros ao empresário americano — o que nunca chegou a ocorrer, dado que ele apenas voltou à ativa ao assumir o comando do Benfica.
John Textor, conhecido pela sua influência no futebol global e proprietário de clubes como Botafogo, Lyon e coproprietário do Crystal Palace, contesta as acusações, segundo o Telegraph. Ainda não se sabe se o caso será resolvido fora dos tribunais ou se seguirá para julgamento completo no Supremo Tribunal do Reino Unido.
O episódio marca mais um capítulo da tensão entre empresários e treinadores no futebol moderno, onde as relações vão muito além do relvado e envolvem cláusulas contratuais rigorosas, direitos de imagem e expectativas de controlo desportivo.