
Os estudantes bolseiros internos em Angola continuam sem receber os subsídios referentes ao ano académico 2024/2025, apesar das promessas de pagamento feitas pelo Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE). O atraso já soma oito meses, afetando centenas de alunos que dependem do apoio financeiro para custos como transporte e alimentação.
O INAGBE havia garantido, em janeiro, que os pagamentos seriam realizados em duas fases: a primeira entre outubro e fevereiro, e a segunda de março a julho de 2025. No entanto, essas datas não foram cumpridas. Agora, a instituição promete concluir o pagamento da primeira fase até ao dia 13 deste mês, enquanto a segunda fase deverá ocorrer apenas na primeira quinzena de junho.
Estudantes ouvidos pela reportagem demonstram frustração e ceticismo. “Em fevereiro disseram que seríamos pagos em março, mas agora já mudaram a data novamente. Isso é uma irresponsabilidade”, lamenta um estudante de Engenharia Informática do ISUTIC. Já Márcia de Carvalho, aluna de Telecomunicações na Universidade Católica de Angola (UCAN), destaca que a falta do subsídio tem dificultado o acesso às aulas. “Muitas vezes não consigo ir à universidade por falta de transporte”, afirma.
Os bolseiros de graduação recebem um valor mensal de 55 mil Kz, enquanto os de pós-graduação recebem 100 mil Kz. No entanto, a falta de regularidade nos pagamentos tem gerado incerteza e dificuldades para os estudantes.
Além dos atrasos, o INAGBE continua sob o escrutínio do Tribunal de Contas, que conduz uma auditoria à antiga gestão da instituição, sob suspeita de desvio de fundos e outras irregularidades financeiras. O relatório, previsto inicialmente para o final de abril, ainda não foi divulgado.
A auditoria investiga saídas de milhares de dólares, euros e milhões de kwanzas, que teriam sido pagos a diversos fornecedores sem documentação de suporte. Segundo as primeiras análises, foram identificados mais de 830 milhões Kz em pagamentos sem justificativa adequada.