
O supermercado Big One, localizado no bairro Alvalade, em Luanda, vive dias de incerteza. Esta semana, a direcção da empresa suspendeu, por tempo indeterminado, os contratos de trabalho de mais de 380 funcionários, incluindo 38 pessoas com deficiência, após o encerramento do estabelecimento em Fevereiro, por ordem do Tribunal da Comarca de Luanda, a pedido do Banco de Comércio e Indústria (BCI).
A suspensão foi comunicada oficialmente à Inspecção Geral do Trabalho e outras entidades estatais. A empresa alega que, com o supermercado fechado e as contas bloqueadas, não tem condições de continuar a pagar salários nem de manter as operações. Ainda assim, o proprietário, Rui Conceição, garantiu o pagamento dos salários de Fevereiro e prometeu liquidar os vencimentos de Março e Abril.
“Estamos sem respostas do tribunal e com o BCI a exigir uma dívida que só vence em 2034. Como podemos pagar sem funcionar?”, questiona o empresário, que acusa o banco de agir de má-fé, recusando propostas de negociação e ignorando o valor das mercadorias em stock , que, segundo a empresa, cobrem ou superam o montante da dívida.
Entre os funcionários, o clima é de revolta e desespero. “Como é possível deixar centenas de famílias sem sustento?”, protestam os trabalhadores, que também denunciam o abandono de produtos perecíveis dentro do supermercado, sem qualquer intervenção do BCI.
O funcionário Walter Rocha, com deficiência física, foi um dos que deu voz ao apelo:
“Por favor, senhores do BCI e do tribunal, estão a condenar 38 deficientes e centenas de famílias ao sofrimento. Nós só queremos trabalhar.”
O futuro do Big One e dos seus trabalhadores permanece incerto. A empresa aguarda uma decisão judicial sobre o recurso interposto contra a penhora, enquanto o tempo corre contra os empregos e o sustento de muitas famílias.