
Numa altura em que Angola caminha para meio século de Independência, vozes da oposição erguem-se em uníssono a pedir uma viragem na história política do país. Os partidos Bloco Democrático (BD) e Partido Democrático Progresso – Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA) anunciaram esta terça-feira, em Luanda, uma aliança política que visa unir forças democráticas em prol de uma mudança estrutural no poder, a ser concretizada nas eleições gerais de 2027.
Reunidos para uma análise conjunta da situação social e económica de Angola, os líderes das duas formações apontaram o atual modelo de governação como o principal fator de estagnação do país. Na declaração política conjunta emitida após o encontro, os dois partidos sublinham que, passadas quase cinco décadas de soberania, Angola continua a enfrentar desafios estruturais profundos.
“O país não tem dado sinais consistentes de progresso, apesar do tempo decorrido desde a independência. Persistem práticas autoritárias, centralização excessiva do poder e políticas que não respondem às reais necessidades do povo”, apontaram os dirigentes do BD e do PDP-ANA.
As críticas centram-se, sobretudo, naquilo que os partidos classificam como “mentalidade de partido único” e “regime autocrático” instalado, que teria contribuído para um cenário de exclusão social, retrocesso económico e concentração de benefícios em torno de uma elite política e económica.
A aliança ora firmada apela ao engajamento de outras forças políticas, movimentos cívicos, organizações da sociedade civil e cidadãos em geral, na constituição de uma frente ampla para a renovação do sistema de governação em Angola. O objetivo, segundo afirmam, é iniciar um processo democrático mais inclusivo, que represente o interesse coletivo e garanta maior justiça social.
O apelo dos dois partidos surge num momento em que o país enfrenta dificuldades económicas, aumento do custo de vida, desemprego elevado e crescente descontentamento social. Para BD e PDP-ANA, a resposta a esse cenário exige “coragem política, mobilização popular e compromisso com os valores democráticos”.