
Os clientes bancários em Angola enfrentam novas tarifas após o Banco Angolano de Investimentos (BAI) e o Banco de Fomento Angola (BFA) ajustarem os preços das comissões dos seus serviços, especialmente a anuidade dos cartões de débito. O BAI, o maior banco em ativos do país, aumentou a taxa anual dos cartões de débito de 1.500 Kz para 15 mil Kz, medida que deverá render ao banco cerca de 26,6 mil milhões Kz por ano, o equivalente a 29,2 milhões USD, considerando os 1,8 milhões de cartões ativos.
No caso do BFA, que ainda mantém o preço da anuidade dos cartões de débito em 3.000 Kz, o impacto financeiro também é significativo. O banco arrecadará aproximadamente 5,1 mil milhões Kz (cerca de 5,6 milhões USD), beneficiando-se de sua ampla base de clientes.
Estes aumentos surgem em um contexto de esforços do Governo para aumentar a taxa de bancarização da população, que atualmente é de apenas 32%, e reduzir a informalidade econômica, que atinge cerca de 80% da atividade nacional. Contudo, segundo uma fonte de um dos grandes bancos, “os bancos são livres de ajustar os preços, exceto se houver uma regulação que os limite”. A mesma fonte destacou que os custos relacionados à impressão dos cartões, que envolvem divisas, justificam os aumentos.
Em reação, Nelson Prata, presidente da Associação Angolana de Defesa do Consumidor de Serviços e Produtos Bancários (ACONSBANC), criticou a medida, afirmando que ela prejudica os consumidores ao aumentar os custos para acessar o próprio dinheiro. “Nos últimos tempos, temos visto um encarecimento dos serviços bancários. Os bancos transferem as dificuldades macroeconômicas para os clientes”, afirmou.
Prata também destacou que a prática não é exclusiva de Angola, mas a situação local é agravada pelo cenário econômico desafiador. “Os bancos têm transformado as comissões em sua principal fonte de receita, deixando para segundo plano o seu papel tradicional de concessão de crédito e gestão de depósitos”, concluiu.