
A poucos dias de concluir a sua missão diplomática em Angola, o encarregado de negócios dos Estados Unidos, James Story, lançou um apelo claro: as eleições autárquicas são indispensáveis para consolidar a democracia e aproximar os cidadãos do poder.
Em entrevista à agência Lusa, o diplomata norte-americano destacou que o reforço da representatividade local é uma exigência de todos os partidos e um elemento central para a maturidade do sistema democrático angolano. “Todos sabem que isso é importante”, frisou, acrescentando que a realização das autarquias será “um bom passo” para fortalecer a ligação entre eleitores e eleitos.
James Story recordou ainda que o próprio ex-Presidente Joe Biden abordou o tema com João Lourenço durante a visita oficial a Angola, em Dezembro de 2024, sublinhando a relevância estratégica das autarquias na estrutura de governação.
Apesar do compromisso assumido pelo MPLA, que em Fevereiro garantiu que as autárquicas integram a sua agenda política para 2025, a data das primeiras eleições locais continua por definir. O partido no poder tem apelado à conclusão do pacote legislativo pendente no Parlamento, enquanto a UNITA levou o assunto ao Tribunal Constitucional, acusando o Estado de omissão inconstitucional por adiar indefinidamente o processo prometido desde 2014.
Além da questão autárquica, o diplomata norte-americano elogiou os esforços do Governo angolano no combate à corrupção, reconhecendo que esta luta “é também política” e que o seu desfecho influencia directamente o ambiente de negócios e a confiança dos investidores estrangeiros.
James Story fez ainda uma leitura positiva do papel de Angola na estabilização da região, enaltecendo os esforços do Presidente João Lourenço como mediador de conflitos em África. “É importante destacar o papel do Presidente Lourenço, que tem feito questão de liderar processos de paz dentro e fora de Angola”, afirmou.
Sobre as eleições gerais de 2027, o diplomata rejeitou paralelismos com os conflitos pós-eleitorais registados recentemente em Moçambique. “Já vivi nos dois países. Falam a mesma língua, mas os contextos são diferentes”, assegurou.
Por fim, destacou o papel da sociedade civil como pilar essencial da democracia, defendendo que a sua voz deve ser amplificada. “Como Governo, apoiamos a sociedade civil, os partidos políticos, os direitos de participação”, concluiu.