
Na última segunda-feira, o preço do gasóleo em Angola sofreu um aumento significativo, passando de 200 para 300 kwanzas por litro, o que representa um impacto de 50% nos custos. Este reajuste não apenas gera surpresa entre os transportadores, como também levanta preocupações sobre suas consequências para o consumidor final.
O presidente da Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadoria (Atroma), António Gavião Neto, expressou sua inquietação em relação a essa mudança. Embora o reajuste já fosse esperado, ele destaca que o aumento acentuado dos preços terá um efeito direto no bolso dos consumidores, que se verão forçados a arcar com os custos adicionais. “As empresas não terão como absorver esse aumento sem repassar para o consumidor, o que inevitavelmente afetará o custo de vida”, afirmou.
A situação é ainda mais preocupante considerando a atual estrutura económica do país. O aumento do gasóleo, que é o combustível mais utilizado nas indústrias, impactará não apenas o transporte, mas também o preço de produtos essenciais. Gavião Neto enfatizou que, enquanto um aumento de preços menor poderia ser mais facilmente absorvido, um ajuste de 50% é alarmante e pode gerar uma reestruturação significativa nos orçamentos das empresas.
Wanderley Ribeiro, presidente da Associação Agropecuária de Angola (AAPA), também comentou sobre a situação, ressaltando que o aumento ocorre em um momento em que o governo intensifica o controle sobre o abastecimento de combustíveis. Ele reconheceu que, apesar das dificuldades que essa medida impõe, ela é uma tentativa do governo de reduzir os subsídios, que têm gerado um défice elevado nas contas públicas.
“Estamos diante de um cenário onde o custo de produção irá subir, e isso, sem dúvida, será transferido para o consumidor”, afirmou Ribeiro. Ele lamentou a falta de diálogo prévio entre o governo e as associações sobre essa decisão, sugerindo que alternativas poderiam ter sido discutidas para mitigar os impactos do aumento.
Ambos os líderes associativos concordam que, para enfrentar os desafios que se avizinham, é fundamental que o governo considere a implementação de políticas que ajudem a estabilizar os preços e a proteger os consumidores, especialmente aqueles que já enfrentam um custo de vida elevado. A expectativa é que medidas sejam tomadas para aliviar o impacto sobre a cesta básica e outros produtos essenciais, uma vez que a inflação está intimamente ligada ao preço dos alimentos e custos de produção.
O aumento do preço do gasóleo é, portanto, não apenas uma questão de ajuste econômico, mas um alerta sobre a fragilidade da situação financeira de muitos cidadãos, que agora enfrentam um futuro incerto.