
Um caso inédito e sensível para a Igreja Católica em Angola começou a ser julgado esta semana na 1.ª secção do Tribunal de Comarca do Lubango. O processo envolve o padre Abrão Tyipa, de 80 anos, chanceler da Arquidiocese e vigário judicial do Tribunal Interdiocesano local, e o empresário Baptista Tchiloia, acusados de difamação, calúnia e injúria contra o arcebispo Dom Gabriel Mbilingui e membros do clero da arquidiocese.
No primeiro dia de julgamento, que se prolongou por cerca de oito horas, foram apresentadas provas e argumentos por ambas as partes, com o objectivo de esclarecer os factos e chegar à verdade material. A juíza Violeta Tchiteta conduziu a sessão e iniciou os interrogatórios, começando pelo empresário Baptista Tchiloia, proprietário da empresa CASA FÁCIL.
O caso gira em torno de um antigo acordo firmado entre a Arquidiocese do Lubango e a empresa CASA FÁCIL, destinado à implementação do projecto Agropecuário do Kuvango, numa área de terrenos agrícolas pertencentes à Missão Católica da Vila da Ponte. O Ministério Público sustenta que, na sequência de conflitos relacionados com esse projecto, os réus terão acusado publicamente a Arquidiocese de integrar uma alegada associação criminosa, liderada por outro sacerdote, o padre Américo da Costa Gomes.
A presença do nome do arcebispo Dom Gabriel Mbilingui como parte central do conflito aumenta a complexidade e a sensibilidade do processo, que está a ser acompanhado com atenção por fiéis, juristas e a comunidade religiosa.
O julgamento prossegue nos próximos dias, com mais sessões de audição e a expectativa de que as autoridades judiciais consigam esclarecer os contornos desta disputa que toca as estruturas eclesiásticas da região sul do país.