Um estudo recente revela que a situação do emprego em Angola continua a ser alarmante, especialmente para os licenciados. De acordo com o relatório, que analisa o panorama do mercado de trabalho no país entre 2020 e 2024, apenas um em cada cinco graduados consegue uma vaga de emprego formal. Este cenário é ainda mais preocupante em comparação com os dados anteriores a 2024, que indicavam três candidatos para cada vaga disponível.
O relatório, elaborado a partir de informações do principal portal de emprego de Angola, Jobartis, abrange um universo de 211.294 candidatos e 54.150 vagas. A pesquisa destaca a discrepância entre a formação acadêmica dos candidatos e a disponibilidade de empregos, especialmente nas áreas de licenciatura e pós-graduação. Este descompasso é exacerbado pela alta taxa de informalidade no mercado de trabalho, onde, conforme os dados do INE, existem apenas 2,6 milhões de empregos formais no país.
O estudo aponta que o nível de cobertura de emprego é mais favorável para aqueles que possuem formação superior completa, enquanto os dados mostram que, para os níveis de escolaridade inferiores, a competição é acirrada. Para candidatos com escolaridade até o ensino secundário, a média é de quatro pessoas por vaga, refletindo uma cobertura de apenas 25%. Já para aqueles sem formação secundária, a taxa de concorrência sobe para impressionantes 76%.
A oferta de empregos é relativamente equilibrada, com 27% das vagas disponíveis para os três primeiros níveis de escolaridade, enquanto 16% são destinadas a graduados. Em contraste, a procura é homogênea, com cerca de 30% representando cada nível de escolaridade, exceto para a categoria superior sem licenciatura, que representa apenas 12%.
Esses dados revelam a incapacidade da economia angolana em gerar empregos que acompanhem o crescimento da população, que aumenta a uma taxa anual de 3,1%. Essa realidade gera um ciclo de pobreza crescente, especialmente em um contexto de recessão e baixo crescimento econômico, como observado entre 2016 e 2020.
O relatório do INE, referente ao segundo trimestre, também enfatiza a precariedade do mercado de trabalho em Angola. Dos 17.873.167 cidadãos em idade ativa, 5.764.313 estão desempregados, o que representa 32,3% da população ativa, enquanto 12.108.854 têm emprego, sendo que 9.498.590 destes estão na informalidade e apenas 2.610.264 possuem um emprego formal.