
Num clima político cada vez mais denso, a UNITA manifestou-se esta semana contra declarações recentes do Presidente da República, considerando-as um atentado ao papel da oposição em Angola. A resposta surge após João Lourenço ter acusado o maior partido da oposição de fomentar a tensão no país, levando a UNITA a exigir tratamento igual nos meios públicos de comunicação social — com destaque para a Televisão Pública de Angola (TPA).
Em declarações públicas, o secretário nacional para a comunicação e marketing da UNITA, Evaldo Evangelista, reagiu com firmeza, classificando as palavras do Chefe de Estado como “profundamente injustas” e “perigosas para a democracia”. Para o dirigente, insinuar que a UNITA instiga instabilidade é equivalente a recusar a existência de um contraditório político legítimo.
“Na prática, o que o Presidente está a dizer é que não quer oposição no país. Só falta dizê-lo com todas as letras”, afirmou Evangelista, visivelmente indignado. A UNITA considera que tem cumprido o seu papel ao denunciar os graves problemas sociais e económicos que afectam os angolanos, sublinhando que apontar falhas não pode ser confundido com incitamento à instabilidade.
Num gesto simbólico, o partido lançou um repto directo à TPA: que entreviste o seu presidente, Adalberto Costa Júnior, para que este possa responder publicamente às acusações lançadas por João Lourenço em horário nobre.
A polémica teve início na noite de segunda-feira, 9 de Junho, quando o Presidente, durante uma entrevista à TPA, afirmou que “a UNITA não deve provocar a tensão e depois, como remédio, vir a correr ao Palácio conversar com o Presidente”. A frase foi recebida como um ataque directo à postura crítica do partido no actual cenário político e económico nacional.
Com este episódio, reacende-se o debate sobre o pluralismo na comunicação social estatal e o espaço que deve ser garantido às forças da oposição num regime democrático. Até ao momento, a direcção da TPA não respondeu ao desafio lançado pela UNITA.