O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) sempre foi caracterizado por uma estrutura de liderança bastante consolidada, onde a figura de José Eduardo dos Santos dominou por décadas. Durante o seu longo mandato, ele gozou de uma popularidade significativa dentro do partido e entre a população angolana, o que inibiu a concorrência interna. Essa situação mudou com a ascensão de João Lourenço à presidência do MPLA e do país, que, ao contrário de seu antecessor, enfrenta uma popularidade em declínio.
A baixa popularidade de João Lourenço tem gerado um ambiente propício para que outros militantes do MPLA considerem a possibilidade de se candidatar à presidência do partido. Diferentemente do que ocorreu durante a liderança de José Eduardo dos Santos, onde a concorrência interna era praticamente inexistente devido ao seu prestígio, atualmente, a falta de apoio popular para Lourenço abre espaço para novos candidatos.
Com a percepção de que João Lourenço não é bem visto pela maioria dos angolanos, militantes como o Engenheiro António Venâncio e outros estão começando a se posicionar como possíveis candidatos. Venâncio, por exemplo, já manifestou sua intenção de concorrer à liderança do MPLA, o que indica uma mudança significativa na dinâmica interna do partido. Essa situação reflete um direito estatutário dos militantes, que agora se sentem mais encorajados a desafiar a liderança atual.
A possibilidade de múltiplas candidaturas à presidência do MPLA pode ser vista como um sinal de democratização interna, algo que o partido tem evitado historicamente. No entanto, essa nova realidade também pode trazer desafios, como divisões internas e a necessidade de um debate mais aberto sobre a direção futura do partido. A luta pelo poder dentro do MPLA poderá impactar não apenas a estrutura interna do partido, mas também a política angolana como um todo.
Se João Lourenço tivesse a mesma popularidade que José Eduardo dos Santos, é provável que a concorrência interna fosse mínima, pois os militantes tenderiam a evitar riscos desnecessários. Contudo, a atual situação oferece uma oportunidade para que novos líderes emerjam e, potencialmente, tragam mudanças significativas para o MPLA e para Angola.