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O Serviço de Investigação Criminal (SIC) no Bengo, através do seu Departamento de Combate aos Crimes Contra a Economia e Contra a Saúde Pública, deteve, nesta quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025, dois cidadãos chineses – um homem e uma mulher – funcionários de um estaleiro de produção clandestina de óleo alimentar vegetal. Eles são acusados de adulteração de produtos alimentares e medicinais.
Diante do caso, o professor universitário, político e escritor chinês Juan Shang manifestou-se ao Luanda Sul Line, trazendo uma perspectiva diferente sobre a situação.
“Na China, pequenas oficinas de extração de óleo são comuns, especialmente em zonas rurais, onde os camponeses cultivam soja, ginguba e girassol. Muitos chineses preferem esse óleo artesanal porque evitam produtos geneticamente modificados (GMO) vendidos em supermercados. Mas entendo que, em Angola, isso não seja habitual e possa ser visto de forma diferente.”
O especialista também abordou o que considera um tratamento desigual em casos envolvendo cidadãos chineses em Angola:
“Se um angolano fizesse o mesmo, ninguém falaria. Mas quando se trata de um chinês, a notícia aparece em todas as páginas do Facebook. Isso é discriminação. Será que todos os chineses não cumprem a lei?”
Juan Shang recordou ainda um episódio de dois anos atrás, quando a TPA noticiou que chineses cultivavam cogumelos no Caxito e alegou, erroneamente, que eram venenosos.
“Isso foi um absurdo. Na China, o cogumelo faz parte da alimentação há séculos. O próprio presidente da República João Lourenço visitou uma fazenda chinesa de cogumelos. Faltou conhecimento antes de espalhar essa informação.”