
A implementação do II ciclo do ensino secundário no recém-criado município do Alto-Chicapa, província da Lunda Sul, está seriamente comprometida devido à escassez de professores e à insuficiência de infraestruturas escolares. A informação foi confirmada esta quinta-feira (12), pelo administrador municipal, José Salvador Txicanji, em declarações à imprensa local.
Elevado à categoria de município em Janeiro de 2025, no âmbito da nova Divisão Político-Administrativa (DPA), o Alto-Chicapa localiza-se a 265 quilómetros da cidade de Saurimo e enfrenta desafios estruturais profundos nas áreas da Educação e da Saúde, afetando diretamente a qualidade de vida dos seus 3.243 habitantes.
Segundo o administrador, o município possui atualmente apenas uma escola do II ciclo do ensino secundário, que ainda não entrou em funcionamento por falta de docentes. Do total de 64 professores necessários para cobrir os dois ciclos do ensino secundário, apenas 24 estão projetados para contratação, número que está muito aquém das necessidades reais.
Ainda no setor da Educação, o responsável sublinhou a urgência da implementação de programas voltados à Educação de Jovens e Adultos (EJA), com vista à aceleração escolar e ao combate ao analfabetismo. Para o ensino primário, são necessários pelo menos 40 professores e a construção de 44 novas salas de aula para acomodar a crescente procura.
Atualmente, o sistema educativo local conta com apenas 19 professores, distribuídos entre a sede municipal e as regedorias de Muambumba, Cambatxilonda, Muacuango, Camboma 1 e Sambuambua, onde existem apenas três escolas com construção definitiva, somando 17 salas de aula. Mesmo assim, estão matriculados neste ano letivo 1.194 alunos, sendo 59 no I ciclo do ensino secundário.
No domínio da Saúde, a situação é igualmente crítica. Com apenas sete técnicos de saúde — dos quais apenas dois são enfermeiros — para servir toda a população, o município está desprovido de condições mínimas para garantir assistência médica. José Chicanji indicou a necessidade urgente de contratação de pelo menos 25 enfermeiros, dois licenciados e um médico generalista.
Além da carência de pessoal, faltam também infraestruturas básicas de saúde. O administrador defende a construção de um Hospital Municipal e de um Centro Materno Infantil, com serviços essenciais como laboratório clínico, sala de parto, planeamento familiar, aconselhamento e testagem do VIH-SIDA, bem como uma sala de hemo-transfusão. Acrescentou ainda a necessidade de erguer mais seis postos de saúde, com residências para os profissionais, nas localidades de Sambuambua, Muatxiteca, Satela/Txilambo e Camboma 1 e 2.
Com uma superfície de 6.282,03 km² e uma população dividida em quatro aldeias unificadas, o município do Alto-Chicapa limita-se a norte com Cacolo (Lunda Sul), a sul com as províncias do Moxico e Bié, a leste com Dala e a oeste com Malanje.
A situação atual revela um quadro preocupante que exige intervenção urgente do Executivo, sobretudo através dos Ministérios da Educação e da Saúde, para garantir o direito básico à instrução e ao atendimento médico, num território que ainda busca firmar-se como estrutura municipal funcional.