
As autoridades do município de Viana iniciaram nesta sexta-feira, 06 de Junho, a retirada dos vendedores do antigo mercado da Estalagem, com o objectivo de combater o elevado nível de lixo acumulado e travar o avanço da cólera, que já afeta várias regiões do país.
De acordo com responsáveis locais, não faz sentido que a venda continue ao longo da via pública, principalmente quando existem mercados modernos e infraestruturados construídos pelo Governo que permanecem praticamente vazios. Um exemplo é o mercado municipal do KM 12, no distrito da Estalagem, com capacidade para cerca de 3.000 vendedores, mas que, segundo constatou o *Novo Jornal*, está praticamente deserto.
O espaço foi equipado com bancadas, armários, armazéns, câmaras frigoríficas, uma creche e até áreas destinadas a bancos e restaurantes, porém, não tem atraído os comerciantes informais. Muitos vendedores preferem continuar nas ruas, alegando maior facilidade para realizar vendas e denunciaram que a própria fiscalização contribui para o retorno ao local interdito.
“Esta não será a primeira vez que vamos ser retirados daqui. O problema está com os fiscais, que são aliciados pelos vendedores para retornarem outra vez ao mesmo local”, afirmou Maria de Lurdes Chaves, uma das vendedoras afetadas.
Rosa Salomão, outra comerciante, expressou frustração com a falta de comunicação prévia: “Não fomos informadas e hoje fomos surpreendidas com esta medida”.
O sociólogo Ramos Diengo considera que a resistência dos vendedores evidencia um conflito constante entre a informalidade económica e a necessidade de saúde pública e ordem urbana: “A situação ilustra os desafios enfrentados pela administração municipal na gestão do comércio informal e a busca por soluções que atendam tanto às necessidades das vendedoras quanto à de saúde pública”.
Com esta nova medida, a administração municipal de Viana pretende reforçar o uso dos mercados formais e travar o risco de contaminações em massa, numa altura em que o país vive uma fase crítica no combate à cólera.