Na República Democrática do Congo (RDC), muitos deslocados enfrentam um dilema angustiante: permanecer em campos superlotados, onde a escassez de alimentos é constante, ou retornar às suas aldeias, em áreas ainda marcadas por combates. A situação é desesperadora, como relatam os refugiados na província de Kivu do Sul.
Um refugiado em Goma compartilha: “Vivi no campo durante mais de um ano. Sofremos muito, especialmente pela falta de alimentos. Mesmo ao voltarmos, continuamos a sofrer. Se sairmos, somos roubados; os saques ocorrem diariamente.” Outra congolesa acrescenta: “Após quatro meses deslocada, voltamos para casa e agora somos saqueados todas as noites. Vivemos em constante medo. A insegurança é total.”
Segundo dados da ONU, mais de dois milhões de pessoas estão deslocadas apenas no Kivu do Norte devido aos ataques do grupo rebelde M23. O conflito, que perdura há anos, é alimentado por alegações de apoio do Ruanda ao M23 para controlar os recursos minerais da região, acusações que Kigali nega.
Alex Vines, da Chatham House, ressalta que a RDC, especialmente nas áreas ao redor de Goma e nas províncias de Ituri, Kivu Norte e Kivu Sul, abriga o maior número de deslocados internamente na África. Ele destaca que esta crise humanitária exige maior apoio da comunidade internacional.