
A cidade de Luanda voltou a ser palco de uma tragédia que reacende o debate sobre o uso excessivo da força por parte das autoridades. Joaquina Santiago, uma jovem de apenas 21 anos, perdeu a vida na noite da última sexta-feira, 23 de maio, após ser atingida por um disparo efectuado por um agente da Polícia Nacional.
O caso deu-se por volta das 21h50, quando Joaquina seguia como passageira numa motorizada, nas imediações da Rua-A (Caboco), que liga os bairros Villa Estoril e Soba Kapassa, no município do Kilamba Kiaxi. Segundo relatos oficiais, o mototaxista que a transportava não acatou a ordem de paragem durante uma operação policial integrada na “Operação Gando”, lançada para combater o crime naquela zona considerada crítica.
Sem que fosse reportada qualquer agressividade ou ameaça por parte dos ocupantes da motorizada, o agente disparou a arma de fogo. O tiro atingiu fatalmente Joaquina. A jovem ainda foi levada para uma unidade hospitalar próxima, mas não resistiu aos ferimentos.
O Superintendente-Chefe Néstor Goubel, porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, confirmou a ocorrência e a detenção do agente envolvido, agora sob investigação. “A nossa corporação não compactua com actos que atentem contra os direitos dos cidadãos. O efectivo foi detido e as diligências estão em curso para apurar as responsabilidades”, declarou.
A morte de Joaquina Santiago gerou comoção nas redes sociais e entre moradores da zona, que pedem justiça e um inquérito transparente. Familiares da jovem descrevem-na como uma pessoa trabalhadora, que se encontrava a caminho de casa depois de um dia normal.
Este episódio junta-se a uma série de casos semelhantes ocorridos nos últimos anos, onde cidadãos inocentes perderam a vida em operações policiais mal conduzidas. Organizações da sociedade civil pedem uma revisão urgente nos protocolos de actuação das forças da ordem, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas.
Enquanto decorrem as investigações, a família de Joaquina chora a perda de uma filha, amiga e irmã, cuja vida foi interrompida por um acto de violência que poderia ter sido evitado.