
Num momento delicado para a oposição angolana, Isaías Samakuva, histórico líder da UNITA, quebra o silêncio e comenta sem rodeios a saída do projecto PRA-JA Servir Angola da Frente Patriótica Unida (FPU). Para Samakuva, a decisão de Abel Chivukuvuku não foi surpreendente — e, segundo o próprio, está em linha com atitudes anteriores do político.
Em declarações recentes à imprensa, Samakuva afirmou que já era previsível um afastamento deste tipo, considerando a postura política que Chivukuvuku tem adoptado ao longo dos anos. Apesar da ruptura, o ex-presidente da UNITA mostrou-se sereno quanto ao futuro da oposição, reforçando que a chave está na coesão entre as forças políticas que partilham o mesmo ideal de mudança.
“O mais importante é que continuemos a trabalhar juntos, com pensamento e conduta alinhados, em torno de um objectivo nacional”, defendeu. Samakuva frisou que a UNITA não pretende trilhar um caminho isolado, mas sim unir-se a todos os que partilham da mesma visão para um país mais justo.
Sem se deter apenas na conjuntura política actual, o veterano político fez questão de reflectir sobre a trajectória da UNITA e sobre os desafios que se colocam ao futuro de Angola. Para Samakuva, é urgente colocar o povo no centro das decisões políticas, sobretudo os que continuam a viver em condições de vulnerabilidade.
“A união entre os movimentos políticos é muitas vezes mais teórica do que prática. Mas o nosso foco tem de ser o povo — e não as rivalidades ou interesses pessoais”, alertou, deixando implícito um recado para antigos aliados.
Na sua intervenção, Samakuva também apelou a um debate político mais maduro, sublinhando que não se deve continuar a responsabilizar as gerações mais velhas por todos os erros cometidos. Em vez disso, pede uma nova abordagem baseada no respeito mútuo, na responsabilidade colectiva e na visão partilhada de um país melhor.
Num cenário em que a oposição procura reorganizar-se após a ruptura, as palavras de Samakuva surgem como um apelo à serenidade e à união estratégica — mesmo num campo onde os interesses, por vezes, colidem.