
Apesar do recente encontro entre o Presidente da República, João Lourenço, e o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, as manifestações convocadas em todo o país pela oposição mantêm-se de pé. A afirmação foi feita por Raimundo Kizokola, dirigente da JURA – o braço juvenil do maior partido da oposição – que reforçou que a luta se mantém nas ruas, com o povo, até que haja mudanças concretas ao nível do Parlamento.
A razão por detrás dos protestos é a nomeação do novo presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), acto que a UNITA considera ilegítimo e contrário ao espírito democrático. A mobilização popular visa, segundo Kizokola, pressionar a Assembleia Nacional a rever o rumo dos acontecimentos e promover um processo de diálogo mais transparente e inclusivo.
“A nossa posição não mudou. Não fomos ao encontro com o Presidente para tratar de assuntos parlamentares. A nossa luta continua na Assembleia Nacional e nas ruas, com o povo, porque é o povo que detém o poder. Queremos uma manifestação com sentido, para chamar a atenção do poder legislativo e exigir uma organização que respeite os princípios democráticos”, afirmou.
A UNITA tem reiterado acusações de violação da Constituição, restrição de liberdades fundamentais e concentração de poder nas instituições do Estado. No entanto, há quem veja os protestos com reservas.
O jurista e militante do MPLA, Mabanza Kambaca, considerou que a insistência em levar o povo às ruas é uma acção exagerada e sem fundamento. “É uma intenção desnecessária. O maior partido da oposição quer criar uma reivindicação sem lógica, quando o diálogo institucional já começou ao mais alto nível”, defendeu.
Apesar das divergências, o clima político permanece tenso, com sectores da sociedade civil a acompanharem de perto os desdobramentos. As manifestações populares previstas para os próximos dias poderão representar um novo teste à maturidade democrática do país e à capacidade de diálogo entre poder e oposição.