
Apesar de uma ligeira descida da taxa de desemprego para 29,4% no primeiro trimestre de 2025, os dados revelam uma realidade menos animadora: a maioria dos novos empregos em Angola são informais, precários e sem garantias laborais. O número é particularmente alarmante entre as mulheres e os jovens, os mais afectados pelas fragilidades do mercado de trabalho.
Segundo a mais recente Folha de Informação Rápida do Inquérito ao Emprego, publicada pelo Instituto Nacional de Estatística e consultada pela agência Lusa, quase 81% da população empregada está no sector informal, um universo que agora atinge mais de 10,3 milhões de pessoas. Destes, quase 90% das mulheres estão em ocupações informais, sem contrato, protecção social ou estabilidade financeira.
A boa notícia vem do recuo do desemprego entre os mais jovens: na faixa etária dos 15 aos 24 anos, a taxa desceu de 63,5% para 54,3%. Ainda assim, a situação continua crítica, com menos de 4 em cada 10 jovens empregados (37,9%), o que evidencia uma juventude economicamente vulnerável e com oportunidades limitadas.
No total, 12,8 milhões de cidadãos em idade activa declararam ter tido alguma ocupação no período analisado – por conta de outrem, por conta própria ou em negócios familiares. Em contrapartida, 5,3 milhões disseram não ter qualquer actividade remunerada.
A agricultura, a produção animal, a caça, a floresta e a pesca continuam a absorver a maior parte dos empregos, representando 50,7% do total. Já o comércio a grosso e a retalho surge em segundo lugar, com 20,1%.
O crescimento homólogo da população empregada foi de 8,9%, o que demonstra algum dinamismo económico, ainda que concentrado em sectores com baixos níveis de formalização e produtividade.
Para analistas do mercado de trabalho, estes números mostram que, apesar de alguma recuperação, a economia angolana continua a gerar empregos frágeis, sem a estrutura necessária para garantir progresso social. O desafio do Governo será transformar a recuperação estatística em emprego digno, com direitos, salários justos e inclusão real.