
Um estudo divulgado recentemente pelo Afrobarómetro indica que 57% dos angolanos consideram deixar o País, com o emprego e as dificuldades económicas a surgirem como as principais motivações. O inquérito, realizado entre 27 de Março e 19 de Abril de 2024, evidencia uma tendência crescente entre os jovens urbanos e qualificados, apontando para uma preocupante fuga de capital humano.
Segundo os dados, 37% dos potenciais emigrantes procuram melhores oportunidades de trabalho, enquanto 34% desejam escapar à pobreza. A propensão para emigrar aumenta com o nível de escolarização, atingindo 74% entre os detentores do ensino secundário e 72% dos universitários. Entre os mais jovens, 66% dos cidadãos entre os 18 e 25 anos e 64% entre os 26 e 35 anos ponderam abandonar o país, contrastando com percentagens bastante inferiores entre os mais velhos.
O economista Fernandes Wanda explica que “a fraca actividade económica e a escassez de empregos” levam muitos angolanos a procurar alternativas fora. Cita ainda o Índice de Sofrimento Económico, que passou de 66,8% para 81,9% entre os jovens dos 15 aos 24 anos entre 2022 e 2024, para ilustrar o agravamento da situação.
Curiosamente, o estudo mostra que os empregados (66%) pensam mais em emigrar do que os desempregados (60%), o que sugere insatisfação com as condições laborais internas, e também que as zonas urbanas (70%) registam maior intenção migratória do que as zonas rurais (34%). Luanda lidera com 78% dos inquiridos a considerar a emigração, contrastando com apenas 31% no sul do País e 33% na Huíla.
Portugal surge como o principal destino dos angolanos, com base em laços históricos, culturais e na percepção de melhores condições de vida. A comunidade angolana em território português triplicou entre 2017 e 2023, passando de 16.854 para 55.589 residentes, segundo o Novo Jornal. A Europa (39%) lidera as preferências, seguida pela América do Norte (21%).
Este fenómeno lança alertas sobre o impacto da emigração na força produtiva e no desenvolvimento nacional, exigindo respostas políticas robustas para gerar empregos, reduzir desigualdades e restaurar a confiança dos cidadãos no futuro dentro do território angolano.