
Os profissionais da comunicação social estatal em Angola decidiram romper o silêncio e elevar o tom: exigem um aumento salarial de 100%, progressão nas carreiras e condições mínimas para exercerem o seu trabalho com dignidade. A promessa é clara — se não houver respostas concretas dentro de cinco dias úteis, o país poderá assistir a uma greve geral no sector da informação pública.
O Sindicato dos Jornalistas Angolanos entregou, nesta segunda-feira, 5 de Maio, um caderno reivindicativo com 14 pontos dirigidos aos Conselhos de Administração das empresas de comunicação tuteladas pelo Estado. Entre os principais pedidos estão a actualização dos salários, a disponibilização de viaturas para coberturas jornalísticas, bem como subsídios de transporte, alimentação, risco, turno e disponibilidade.
Pedro Miguel, secretário-geral do Sindicato, referiu que as exigências foram discutidas e enriquecidas por profissionais do sector num encontro realizado em Luanda no passado 1.º de Maio. “Estamos abertos ao diálogo, mas esperamos que as negociações sejam sérias e tragam ganhos reais para os trabalhadores”, afirmou o dirigente sindical, manifestando esperança de que as administrações respondam positivamente no prazo estipulado.
Fonseca Bengui, secretário para os Assuntos Jurídicos do mesmo sindicato, reforçou que há um sentimento generalizado de frustração entre os jornalistas que trabalham sob tutela estatal. “As respostas anteriores não apresentaram soluções concretas, nem há qualquer previsão para a implementação das propostas salariais junto do Executivo. Isso não é aceitável”, sublinhou.
O documento entregue inclui ainda a proposta de integração de representantes sindicais nos conselhos fiscais das empresas de comunicação e a exigência de mais meios para garantir a cobertura jornalística em todo o território nacional.
Caso não haja avanços nas negociações, o país poderá enfrentar uma paralisação em larga escala nos órgãos de informação pública — um cenário que levantaria sérias preocupações sobre o direito à informação e o funcionamento do Estado num momento crítico.