
O Governo angolano acusou esta semana a UNITA de estar envolvida em “negociatas” com a Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC-FAC), após o anúncio de um cessar-fogo unilateral por parte do movimento independentista. A acusação foi feita através de uma nota pública, onde Luanda também contesta duramente a RTP, acusando-a de espalhar notícias falsas e sensacionalistas sobre a situação no enclave. O Executivo rejeita a existência de conflito armado na região e afirma que a situação sócio-política e militar é estável, repudiando a reportagem da RTP exibida no programa “Bom Dia Portugal”, que noticiou o cessar-fogo. Em resposta, a UNITA, através do seu responsável pela comunicação, Evaldo Evangelista, rejeita qualquer envolvimento com a FLEC-FAC e afirma que o Governo tem dificuldade em reconhecer o conflito real existente em Cabinda. Evangelista defende que o papel da UNITA é promover o diálogo, e que a população de Cabinda vê o partido como um mediador legítimo. Enquanto isso, mais de 200 supostos ex-militares da FLEC-FAC anunciaram em Luanda o abandono da organização, alegando condições desumanas nas matas e falta de apoio logístico, o que leva o Governo a reforçar a narrativa de que o grupo está enfraquecido. Ainda assim, a FLEC-FAC declarou um cessar-fogo até 14 de Junho de 2025, enquanto o MPLA, por meio de Esteves Hilário, insiste: “não há conflito armado no norte do país”. O episódio expõe mais uma vez as fraturas entre Governo e oposição sobre o delicado dossiê Cabinda, num ano em que Angola celebra os 50 anos da sua independência.