
Circula nas redes sociais uma peça publicitária que causou profunda indignação: segundo o conteúdo, “um jovem que não tenha aderido à JMPLA, mesmo que tenha boa formação, nunca será bem-sucedido em Angola”. A vinheta, de tom provocador, foi interpretada por muitos como reflexo da visão do actual sistema de poder.
A denúncia partiu de um antigo secretário-geral do MPLA, que não poupou críticas ao conteúdo, classificando-o como um retrato da arrogância e da exclusão que, segundo ele, dominam o funcionamento do Estado angolano. “Se vivêssemos num país que se autocorrige, uma propaganda destas jamais seria feita pelo próprio sistema no poder”, afirmou.
O dirigente aponta a Constituição de 2010 como um dos principais entraves à renovação democrática do país e destaca que instituições como a CNE, o Tribunal Constitucional, o Tribunal Supremo e os serviços de segurança são vistos pela sociedade como estruturas totalmente controladas pelo partido no poder, o que alimenta o descrédito nas eleições.
Com lucidez crítica, o ex-dirigente questiona: “Será que é possível formar um novo Fernando Pacheco — homem íntegro e referência na agricultura — dentro de um sistema que exige militância partidária como critério para o sucesso?” E reforça que, apesar da sua defesa constante da via pacífica para resolver impasses políticos, é fundamental rejeitar qualquer tentativa de institucionalizar a exclusão e o mérito partidário como única via de progresso.
No fim da sua reflexão, deixa uma nota de esperança: “Ouvi dizer que, enquanto o Estado gasta milhões para celebrar mitos sobre a independência que tem empobrecido gerações, a Igreja Católica promoverá um sério e grande debate sobre o que foram, realmente, os nossos 50 anos de independência. A ser verdade, que bela notícia!”