
Apesar do ritmo de crescimento dos preços dos materiais de construção estar a abrandar há sete meses consecutivos, os custos continuam elevados. Em Fevereiro, os preços subiram 18,5% face ao mesmo mês do ano anterior, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes ao Índice de Preços dos Materiais de Construção (IPMC).
A tendência de desaceleração teve início em Agosto de 2024, quando a inflação homóloga dos materiais atingia 24,4%. Desde então, registou-se uma redução de 5,9 pontos percentuais no ritmo de crescimento. Ainda assim, os preços continuam a subir, apenas a um ritmo mais lento.
Os maiores aumentos homólogos registaram-se em produtos sintéticos (36,2%), blocos (31,1%), vigas, vigotas e ripas (27,6%), seguidos de cimentos e aglomerantes (27,2%), tijolos (22,9%), madeira e contraplacado (19%) e alumínio (17,7%).
Em termos mensais, o aumento dos preços foi de 1,2% em Fevereiro, ligeiramente abaixo dos 1,3% registados em Janeiro.
Especialistas apontam que, embora a inflação esteja a ceder, o país continua a enfrentar graves limitações na indústria nacional. Paulino Makanga, membro da Associação dos Profissionais Imobiliários de Angola (APIMA), afirma que Angola não possui uma indústria robusta para produzir, em escala, materiais de construção capazes de responder à procura interna. “Dependemos fortemente da importação, o que nos torna vulneráveis às flutuações cambiais”, alerta.
Makanga defende uma revolução profunda na indústria dos materiais de construção, com aposta em produção local e novas tecnologias, o que ajudaria a baixar os preços e a diminuir a dependência externa. Ele critica ainda políticas públicas que, segundo ele, “mataram a indústria nacional”.
Também Luís Salvador, da Associação de Construção Civil e Obras Públicas de Angola (AECCOPA), destaca dois desafios principais: o défice na produção local e as dificuldades em aceder a divisas para importar. Para reverter este cenário, defende que os bancos devem financiar o sector da indústria dos materiais de construção e que o Estado deve criar condições para atrair investimento estrangeiro, com foco no aumento da oferta interna e na dinamização do sector.