
Apesar dos 23 anos de paz em Angola, os moradores do bairro Sapú 2, situado entre os municípios de Viana e Camama, afirmam viver uma realidade bem diferente: cercados por medo, insegurança e uma criminalidade crescente, muitos têm optado por abandonar as suas residências.
A comunidade relata que os assaltos violentos, especialmente durante a madrugada, tornaram-se uma constante. “Já não conseguimos dormir tranquilos. A qualquer momento invadem as casas”, conta um dos moradores, visivelmente preocupado com a escalada da violência.
Apesar da existência de uma esquadra nas proximidades – situada na zona conhecida como “casas azuis” – os populares garantem que o policiamento é praticamente inexistente. Pior ainda, denunciam que alguns agentes exigem o pagamento de valores para atenderem ocorrências, referindo-se a essa prática como o “táxi da polícia”.
“A presença policial não se sente. Quando chamamos, só aparecem se alguém pagar”, desabafa uma residente, que pediu anonimato por medo de represálias.
Face ao cenário de abandono e insegurança, a população clama por uma solução urgente. Entre os pedidos mais recorrentes está a construção de uma nova esquadra mais próxima do centro do bairro, de modo a permitir uma resposta rápida e eficaz às ocorrências criminais.
“A única maneira de termos paz aqui é com uma presença policial efectiva. Já estamos a viver como se não houvesse governo”, lamenta outro morador.
A situação na Sapú 2 revela uma crise de segurança que, segundo os próprios residentes, tem desmentido o sentimento de estabilidade conquistado desde o fim da guerra civil. Com casas fechadas, ruas desertas à noite e famílias em fuga, a paz, para muitos ali, parece ainda ser uma promessa distante.