
O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, fortaleceu a sua posição como líder do maior partido da oposição durante a XI Sessão Ordinária do Comité Permanente da Comissão Política, realizada no Complexo Sovsmo, em Viana, no dia 10 de Abril de 2025. Num momento de efervescência política interna, a reunião evidenciou tanto a consolidação do seu grupo de apoio quanto os sinais de tensão com outras correntes que começam a desenhar cenários alternativos para o próximo congresso da UNITA, agendado para Dezembro.
Durante o encontro, foram aprovados os relatórios de actividade e de contas, e nomeados novos secretários provinciais, ajustando-se à recente divisão político-administrativa do país. As nomeações abrangeram figuras de confiança da direcção actual, reforçando a presença de aliados estratégicos nas estruturas intermédias e provinciais do partido.
Entre os nomes destacados estão:
- Joaquim Sapondo Nakatina Exinha, Secretário Provincial do Cubango,
- Bastos Ngangawe Beth Samalambo, Secretário Provincial do Cuando,
- Osvaldo Lourenço Júlio, Secretário Provincial do Icolo e Bengo,
- Elizete Ngueve William, Secretária Provincial do Moxico,
- E Irina Almeida Santos Dinis Ferreira, Secretária Provincial Adjunta de Luanda.
Movimentos de bastidores e sombra do Congresso
Apesar do ambiente de reafirmação, os bastidores da UNITA revelam movimentações relevantes. Dois nomes ganham espaço como possíveis contendores à liderança de Adalberto Costa Júnior: Rafael Massanga Savimbi, filho do fundador do partido, e Nelito Ekuikui, deputado e figura carismática entre as bases.
Uma sondagem realizada pela plataforma O Decreto dá conta de um cenário competitivo:
- Adalberto Costa Júnior lidera com 1.985 votos,
- seguido de perto por Nelito Ekuikui, com 1.921 votos,
- Rafael Massanga Savimbi aparece com 239 votos,
- Liberty Chiaka com 72,
- e Adriano Sapinãla com 19.
Rachas internos e a “Quinta Coluna”
Internamente, há preocupações com a actuação de uma suposta “Quinta Coluna”, composta por figuras com alegada ligação ao partido no poder (MPLA), e que, segundo fontes internas, terá influenciado na anulação do primeiro congresso que elegeu Adalberto Costa Júnior em 2019.
Apesar das divisões, o Comité Permanente reafirmou o seu apoio incondicional ao actual líder, enaltecendo o seu papel na “consolidação da paz, na defesa da democracia e no combate à corrupção”.
Críticas ao Executivo e clima de tensão diplomática
No plano nacional, a UNITA criticou duramente a governação, responsabilizando o Executivo pela crise económica e social que o país atravessa. O partido também condenou o que classificou como um “grave incidente diplomático”: a detenção e deportação de convidados estrangeiros no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, quando estes tentavam participar na Conferência Internacional da Plataforma Democratas por África, em Benguela.
Com o Congresso à vista e as bases agitadas, o xadrez político da UNITA promete movimentações intensas nos próximos meses, num cenário que pode redefinir o futuro da oposição em Angola.