
Com uma taxa alarmante de mortalidade, o cancro do colo do útero continua a ser uma das principais ameaças à saúde da mulher no país.
Angola enfrenta uma verdadeira crise silenciosa de saúde pública: todos os anos, quase duas mil mulheres perdem a vida devido ao cancro do colo do útero, uma doença que, apesar de ser evitável e tratável quando diagnosticada precocemente, continua a ceifar vidas em ritmo preocupante.
Segundo a gineco-obstetra Eurídice Chongolola, do Colégio de Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos, aproximadamente 3.195 novos casos são detectados anualmente em todo o território nacional. Deste número, cerca de 1.949 mulheres não resistem à doença.
A especialista, que falou à imprensa por ocasião do Dia Mundial de Combate ao Cancro, assinalado no dia 9 de abril, chamou a atenção para o impacto devastador que o cancro do colo do útero tem tido em Angola, realçando a elevada taxa de mortalidade estimada em 20,2 por mil mulheres.
“O cancro ginecológico, sobretudo o do colo do útero, continua a representar um dos maiores desafios do sistema nacional de saúde. A elevada mortalidade revela fragilidades no rastreio precoce, no acesso ao diagnóstico e ao tratamento especializado”, afirmou Chongolola.
A médica defendeu ainda uma resposta mais robusta e articulada, que inclua campanhas de sensibilização, vacinação contra o HPV (papilomavírus humano), expansão do rastreio gratuito e formação contínua de profissionais de saúde.
Enquanto os números persistirem nessa escala, alerta a especialista, o país continuará a perder mulheres em idade produtiva, mães, profissionais e pilares de inúmeras famílias — um impacto que vai além da saúde, afetando também o tecido económico e social de Angola.