
Cerca de 28 milhões de habitantes da República Democrática do Congo (RDC) enfrentam uma grave crise alimentar, conforme revelado em um comunicado da Organização das Nações Unidas (ONU). Este número alarmante representa um aumento de 2,5 milhões de pessoas desde o último surto de violência registrado em dezembro, destacando a deterioração da situação humanitária no país.
A análise da Classificação Integrada das Fases de Segurança Alimentar (IPC), realizada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), revela que este é o maior número de pessoas em insegurança alimentar aguda na RDC até o momento. Dentre os 28 milhões, aproximadamente 3,9 milhões enfrentam níveis de fome considerados de emergência (IPC Fase 4).
A crise alimentar é exacerbada por uma combinação de conflitos, instabilidade econômica e aumento dos preços de alimentos, que têm colocado milhões de congoleses em situação de risco. As pessoas deslocadas internamente, que fogem da violência, são as mais afetadas, suportando o peso do agravamento da crise.
Os dados indicam que alimentos básicos, como farinha de milho, óleo de palma e farinha de mandioca, tiveram aumentos de preços de até 37% em comparação aos níveis anteriores à crise de dezembro de 2024. A desvalorização da moeda local, o franco congolês, e a inflação crescente agravam ainda mais o acesso das famílias a produtos essenciais.
O PAM e a FAO apelaram à comunidade internacional por um aumento no financiamento e no acesso humanitário, alertando para a possibilidade de uma catástrofe em larga escala se medidas urgentes não forem tomadas. A situação é particularmente crítica nas províncias orientais da RDC, onde o conflito entre o exército do país e o Movimento 23 de Março (M23) tem se intensificado.
Recentemente, o Presidente angolano, João Lourenço, encontrou-se com o homólogo da RDC, Félix Tshisekedi, em Luanda, após anunciar a suspensão de seu papel como mediador no conflito. Essa decisão ocorre em um contexto de crescente tensão, com reuniões entre líderes da RDC e do Ruanda, visando discutir a complexa situação de segurança na região.
A escalada dos confrontos desde novembro de 2021 entre o M23 e as forças governamentais representa uma ameaça real à estabilidade regional, exigindo atenção e ação imediata da comunidade internacional.