
Em um contexto marcado por tensões e desafios históricos, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) ressaltou a necessidade de uma “paz democrática” para a província de Cabinda, que enfrenta uma guerrilha liderada pela Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC). A declaração foi feita pelo presidente do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka, durante o lançamento das 12.ª Jornadas Parlamentares do partido, que ocorrem de 26 a 30 de março em Cabinda.
Chiyaka destacou que, após meio século desde o fim do colonialismo, a situação de Cabinda permanece crítica, comparável aos desafios enfrentados por outras províncias de Angola. Ele enfatizou que a continuidade do conflito armado agrava as condições de vida da população local, que clama por uma solução pacífica e efetiva.
O político frisou que o povo de Cabinda necessita de uma estratégia renovada para alcançar suas “legítimas aspirações de paz, liberdade e prosperidade”. Ele reconheceu que, apesar de diversas tentativas de diálogo com líderes locais, as expectativas de entendimento ainda não foram alcançadas.
Nesse sentido, Chiyaka propôs que a Assembleia Nacional inicie um debate focado em soluções que promovam a paz na região. Ele ressaltou que a população não busca apenas um cessar-fogo, mas sim uma autonomia local que assegure uma distribuição justa da riqueza nacional e o desenvolvimento econômico.
Os deputados da UNITA têm como objetivo visitar Cabinda para se reunir com lideranças comunitárias e ouvir a sociedade civil sobre o Projeto de Lei das Autarquias de Nível Supramunicipal. A implementação dessa autarquia é vista como um passo fundamental para combater a pobreza e a fome, além de promover uma distribuição mais equitativa dos recursos públicos.
Por outro lado, a FLEC/FAC continua a reivindicar a independência de Cabinda, citando o Tratado de Simulambuco de 1885 como base para suas alegações. Em contrapartida, o Presidente João Lourenço declarou recentemente que a situação de segurança na província é estável e que a FLEC-FAC não representa uma ameaça ao território angolano.
A proposta da UNITA surge em um momento crítico, buscando abrir novas possibilidades de diálogo e esperançando um futuro mais pacífico para a região de Cabinda.