
A Aliança Fleuve Congo (AFC/M23) anunciou na noite de segunda-feira, 17, a suspensão de sua participação nas negociações de paz para a República Democrática do Congo (RDC), que estavam programadas para ocorrer em Luanda. O grupo rebelde justifica a decisão alegando que as sanções internacionais impostas pela União Europeia (UE) a seus membros estão dificultando os esforços de diálogo e que o governo congolês aumentou os ataques contra suas posições.
Em comunicado oficial, a AFC/M23 criticou a atuação de “certas instituições internacionais”, referindo-se especificamente à UE, que, segundo o grupo, estaria “minando deliberadamente os esforços de paz” liderados por Luanda e obstruindo as negociações esperadas.
O grupo rebelde destacou que as sanções sucessivas, incluindo novas medidas adotadas antes das discussões em Luanda, comprometem qualquer avanço nas conversações. Além disso, a AFC/M23 acusou o presidente Félix Antoine Tshisekedi Tshilombo de implementar um “programa belicista”, denunciando ataques realizados pelas forças do governo, que incluem bombardeios indiscriminados em áreas densamente povoadas e o uso de aviões de combate e drones.
Diante desse cenário, a AFC/M23 considerou as negociações inviáveis e decidiu suspender sua participação no processo de paz que ocorreria no dia seguinte, 18 de março. O grupo também alertou a comunidade internacional sobre a proliferação de “notícias falsas” disseminadas pelo governo de Kinshasa, pedindo vigilância contra “solicitações fraudulentas” relacionadas ao conflito.
### Esforços de Mediação e Cessar-Fogo
A crise na RDC tem sido um foco central da diplomacia angolana nos últimos anos. O presidente João Lourenço, atuando como mediador a pedido da União Africana e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), tem promovido encontros entre as partes envolvidas, incluindo várias reuniões em Luanda.
Em fevereiro, a presidência angolana reafirmou a necessidade de um cessar-fogo imediato e do cumprimento dos compromissos assumidos nas negociações. O governo angolano defende a retirada dos grupos armados das áreas ocupadas, a criação de corredores humanitários e a retomada do diálogo político como soluções para a crise.
Contudo, os esforços de mediação enfrentam desafios constantes, como a escalada das hostilidades e a resistência de alguns grupos em aceitar as condições impostas pelas autoridades congolesas. A posição da AFC/M23 ilustra as dificuldades na busca por um acordo duradouro para a pacificação do leste da RDC. Apesar disso, Angola continua a colaborar com a ONU, a SADC e a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) para encontrar uma solução diplomática que encerre os confrontos e estabilize a região.