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Em meio a crescentes tensões na República Democrática do Congo (RDCongo), o presidente ugandês Yoweri Museveni reafirmou que a presença militar de Uganda no leste do país não está relacionada ao movimento rebelde M23. Em uma postagem em sua rede social, Museveni destacou que seus militares estão atuando em conjunto com o exército congolês, mas com foco em combater as Forças Democráticas Aliadas (ADF), um grupo rebelde com ligações ao Estado Islâmico, e não o M23.
Museveni enfatizou que, embora a situação de segurança na RDCongo esteja em deterioração, a autorização para a presença militar ugandense foi concedida pelo governo congolês. De acordo com fontes diplomáticas, Uganda teria entre oito mil e dez mil soldados na RDCongo, com um contingente adicional enviado recentemente.
A declaração de Museveni ocorre em um contexto de avanços significativos do M23, que é considerado apoiado por forças militares ruandesas. Recentemente, os rebeldes conquistaram as cidades de Goma e Bukavu, nas províncias de Kivu Norte e Kivu Sul, ampliando seu controle em uma região rica em recursos minerais.
O exército ugandês, por sua vez, anunciou o envio de tropas para Bunia, na província de Ituri, para enfrentar a crescente violência de grupos armados, incluindo o M23 e as ADF. Museveni afirmou que Uganda busca cooperar com a RDCongo em uma abordagem política distinta da estratégia militar adotada por Ruanda.
Entretanto, especialistas têm levantado preocupações sobre o possível apoio de Uganda ao M23, sugerindo que o país estaria utilizando seu território como rota de abastecimento para os rebeldes. Uganda, no entanto, refuta essas alegações.
Analistas alertam que a escalada de conflitos na região pode remeter ao cenário da Segunda Guerra do Congo (1998-2003), um conflito devastador que envolveu múltiplos países africanos, resultando em milhões de mortes. Em resposta a esta situação, a ONU expressou sua preocupação com o aumento do risco de uma conflagração regional, que, segundo eles, é “mais real do que nunca”.