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O diretor municipal do Comércio do Kilamba Kiaxi, João dos Santos, está sendo acusado por munícipes e funcionários da Administração Municipal de promover nepotismo e envolvimento em esquemas de roubo no setor comercial do município. As denúncias foram compartilhadas com o portal de notícias LUANDA SUL LINE.
Segundo relatos obtidos junto a fiscais e trabalhadores que atuam diretamente na área do comércio, um jovem chamado Pedro, responsável por fazer depósitos no Tesouro do Estado, teria desviado parte dos valores arrecadados. Em resposta, os fiscais decidiram reduzir as quantias entregues ao tesouro, argumentando que não permitiriam que “esse miúdo ficasse rico às suas custas.”
As irregularidades não param por aí. A administradora do mercado, identificada como Dona Rosa, foi acusada de colaborar com Milton, sobrinho do próprio diretor João dos Santos, para facilitar roubos dentro do mercado. Além disso, familiares do diretor ocupam cargos estratégicos nos mercados locais:
– Nilton, administrador adjunto no mercado da Guarita.
– Fernando, administrador do mercado dos escorregios no mercado aberto.
Um fiscal relatou que o diretor municipal do Comércio usa a expressão “aproveite” para incentivar práticas ilegais entre seus familiares e aliados.
Outro ponto destacado nas denúncias é o favorecimento de empresas de segurança. Uma empresa inicialmente contratada para garantir a segurança do mercado foi pressionada a pagar um dia inteiro de receitas diretamente a administração do mercado na dona rosa e no sr Milton que alegam dizer que o mercado é deles (na minha casa vc vai trabalhar sem mi dar nada)
Ao negarem essa exigência, houve um aumento significativo no número de roubos no local.
No mercado do KM9, conhecido por sua instabilidade desde que Dona Rosa assumiu o comando, os roubos tornaram-se frequentes. Um funcionário afirmou que “as senhoras só não denunciam porque lhes corrompem com o dinheiro do roubo da administração.”
As receitas geradas pelos mercados do Kilamba Kiaxi são substanciais, mas grande parte desse dinheiro não entra nas contas oficiais do Estado. De acordo com os fiscais, por dia eles arrecadam entre 160.000 kzs e 190.000 kzs, totalizando aproximadamente 6.000.000 kzs mensais. No entanto, apenas uma fração desses valores — cerca de 3.000.000 kzs por mês — é declarada oficialmente.
Além disso, os fiscais revelaram que trabalham até mesmo nos feriados e domingos, quando o estado está “de férias,” e esse período extra seria utilizado para enriquecimento ilícito.
Outras irregularidades mencionadas incluem:
– Multas aplicadas indevidamente, com valores variando entre 15.000 kzs e 20.000 kzs, que nunca chegam às contas públicas.
– Familiares do diretor que operam livremente nos mercados sem pagar taxas obrigatórias.
– Acusações de que o diretor utiliza os recursos desviados para gastar em festas, relacionamentos amorosos com comerciantes e aluguel de carros.
A administradora municipal do Kilamba Kiaxi, Naulila André, foi apontada como incapaz de controlar essas práticas ilegais, já que, segundo os denunciantes, “não domina” as operações financeiras do sector.
Os fiscais enfatizaram que não temem expor publicamente essas irregularidades, pois estão “saturados” com a situação. “Não temos medo de mostrar a cara ou vir ao público e dizer tudo isso, porque já estamos todos cansados disso,” disse um deles.
Nota: O LUANDA SUL LINE entrou em contacto com a Administração Municipal do Kilamba Kiaxi para obter o posicionamento oficial sobre as acusações apresentadas. Após várias tentativas de comunicação via chamada e mensagem, a Administração solicitou que nossa equipe comparecesse pessoalmente para discutir o caso.
Diante da urgência da publicação e da falta de resposta formal até o momento, decidimos prosseguir com a divulgação das denúncias baseadas nas informações fornecidas por fontes confiáveis. É importante destacar que estamos comprometidos com a transparência e a imparcialidade. No entanto, parece que a Administração está utilizando obstáculos burocráticos para dificultar o processo de contraditório, algo que outras instituições costumam resolver por meios mais rápidos e transparentes, como respostas escritas.
Estamos atentos ao que parece ser uma tentativa de sabotagem ao nosso trabalho, exigindo deslocamentos desnecessários que podem ser interpretados como forma de chantagem ou pressão para que não divulgássemos a matéria. Reafirmamos que não cedemos a práticas coercitivas. Se a Administração tiver elementos concretos para refutar as acusações, bastaria redigir uma nota oficial esclarecendo os fatos.
Continuaremos buscando esclarecimentos e atualizaremos este material assim que novas informações forem disponibilizadas.